quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A Musa (II)

A dor.
Não existem palavras para descreve-la.
A dor da tua ausência.
A dor de não estar ao teu lado, de lembrar de teu sorriso e não poder contempla-lo.
De lembrar de teu olhar e não poder vive-lo.
Dor de lembrar que um dia estivemos nós, juntos em nossa doce melodia e que hoje, já não posso desfrutar deste deleite indescretivelmente divino.
Dor de lembrar, de pensar.
Dor que corrói e destrói todas partes de meu pútrido vazio ser que naquele dia encontrou alguém que o completasse.
Dor de saber que encontrei "a musa" e não posso viver ao teu lado.
Dor... e como dói não estar ao teu lado.
Desespero, desesperança, pois sei que jamais encontrarei alguém igual a ti, alguém melhor que ti. Encontrei apenas ilusões que me lembrarão de teu rosto, de teu abraço, de teu beijo.
Dor... e sei que encontrei o amor de minha vida.
Dor, eu te perdi.
E eu odeio o fato de não podermos estar juntos.
E eu odeio aquele que é responsável por não podermos estar juntos.
Eu odeio com todas minhas poucas forças agora, com todo resto de sopro de vida que restou dentro de meu ser destruído.
E não há esperança, e não há felicidade.
Nunca houve, exceto quando estive ao teu lado.
Nunca houve, nunca mais haverá.
Eu encontrei o que tanto procurei durante anos, e foi tão lindo, tão belo e maravilhoso como um sonho.
E eu acordei, no pesadelo de minha existência acordei.
Agora, tudo que eu queria era dormir pela eternidade, para que talvez eu te encontrei novamente em meus sonhos.
Eu me perdi em você.
E tudo que eu mais quero é encontra-la em meus sonhos, aonde não haja nada nem ninguém que possa estar em nosso caminho.
Eu te amo, e sempre amarei, de todo meu coração dilacerado, de todos pedaços perdidos e todos sentimentos esmigalhados.
Eu te amo, e nunca te esquecerei.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Sonho sem sono

Surgiu, súbito e intenso
De uma improbabilidade doce.
Surgiu entre diálogos intelectuais
E doces risos.
De confiança e carinho
Humanidade e preocupação.

Por um momento tão digno
Não planejado e voraz.
Rendemo-nos ao destino
Sem preocupações, sem dramas.

Rendemo-nos a nós
Num sublime espetáculo.
Somos protagonistas
De um romance em clímax.

De tanta insegurança
Gestos ingênuos e óbvios.
De tamanha compatibilidade
Intensa paixão insólita.

Como se a impossibilidade
Nada significasse
Diante da intensidade
Do ocorrer de nosso momento.

E atuamos, como dignos protagonistas
Em nosso espetáculo sem roteiro.
No impetuoso improviso
Da avassaladora intenção de nós.

Nossos corpos compreensivos
Exalam pelos poros
A doce e leve melodia
Da epifania de nossa união

A harmonia em nossos olhares
De um contemplar de nossos rostos
Atados por nossos braços
Na égide carinhosa de nosso abraço.

No evitar de pensamentos
De preocupações futuras
Irrelevantes diante de nós
Pois foi unicamente relevante nosso momento.

Surgiu, súbito e doce
Como um simples sonho sem sono
Na música atemporal
Da união de nós.

Surgiu, improvável e vivaz
Como um doce sonho sem sono
Na realidade inacreditável
Em felicidade e harmonia.

E evanesceu como teu perfume
Em tua pele branca e macia.
E evanesceu ao amanhecer
De nosso alegre e melancólico terceiro dia.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O que farei agora...

O que farei agora? Depois de tanto tempo perdido, junto de ti me encontrei, em tamanha harmonia, livre do cotidiano azeviche que o destino e eu mesmo havíamos proporcionado a mim.

Uma metáfora um tanto clichê, dizer que tu colocaste cor em meu mundo preto-e-branco, mas de fato, é verdade. Como se toda decadência perdesse o sentido e a vivência de um “bon vivan” se tornasse algo relevante diante dos olhos lastimáveis de uma existência de dor e empatia. Como se valesse a pena preservar sua carcaça pútrida e dilacerada somente para passar mais tempo ao teu lado.

Apenas seguir em frente em solidão é o que resta. Seguir diante do caminho da escuridão soturna que foi me proporcionada e criada por mim. Talvez faça parte de meu caráter destruir minhas próprias esperanças. Talvez haja necessidade da existência da dor e da tristeza proporcionada por minha solidão. Não existe um estereótipo de realidade agradável, pois toda alegria demonstra seu preço, cedo ou tarde.

Seguirei então, no caminho da escuridão, pela lástima e pela dor. Pela crueldade da existência vazia do ser humano decadente. Existirei e viverei, morrerei mais uma vez e mais outras. Direi que nada mais vale a pena e que a vida é bela.

Seguirei, direi e gritarei as agonias e alegrias da filosofia de vida que escolhi, apenas. Talvez um dia haja esperança.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Existência

Podemos significar tanto.
Podemos ser um interesse,
Ser importantes e inerentes.
Ser irrelevantes e insignificantes.

Que seremos lembrados por quem somos
Ou pelo o que fizemos.
Que seremos esquecidos em velhas páginas
Que esqueceremos vários momentos
Como este.

Que alguns passam pela vida
E que outros a vivem.
Que existem mortos que ainda vivem
E vivos que já estão mortos,
Apenas existem.

Como o Sol que nasce pela manhã
E se põe ao anoitecer.
Como estrelas que morrem
E ainda iluminam a noite.
Como lágrimas derramadas.
Como gritos que ecoam.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Paz

As bestas atordoantes que dilaceraram meu ser
Hoje dormem absortas, em meu interno agoniado
Como se uma paz insólita fosse decretada
Como um minúsculo intervalo no homúnculo que sou.

Paz insólita, repressiva, depressiva
A paz em si não satisfaz a nenhum ser
Uma dinâmica é necessária
Para manter a sensação viva.

O conflito é necessário, simplório que for
A ausência do mesmo expõe as cicatrizes e feridas
A paz e o vazio caminham de mãos dadas em agonia
O conflito necessário, saudosa anestesia.

O Afogar

Submergir lentamente nestas águas frias
As bolhas sobem rapidamente
Em uma sinfônica melodia
Expressando a agonia do ser

A vida passa pelos olhos
Na velocidade improvável diante da submersão
Lembranças insurgem rapidamente
Enquanto seus pulmões se enchem de fluído

As bolhas já não entoam tal melodia
A carcaça submerge na escuridão profunda
Já não se debate, já não reage

Uma desistência em desesperança
A correnteza a leva para longe
Irrelutante, sem vida

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Dor

Eu queria concentrar
Toda minha complexa dor
Em uma simples solução
Para ser inalada, bebida
Para ser a bebida dos melancólicos.

Dor que dissolve ilusões
Que esvai esperanças
Que me joga sem freios
Contra o muro da realidade.

Dor cotidiana, mundana
Que me faz poeta sofredor.
E por ser, poeta dilacerado
Vítima de minhas vontades e pecados
Ser quem eu quiser na poesia.

Dor subversiva, debaixo dos panos
Do que está na aparência, na superfície
Que motiva e desmotiva minha motivação
Que cria as personagens de minha
Realidade fragmentada

Dor minha, preciosa
Como um solene carrasco
Ao decapitar minha lucidez
Para que minha visão poética
Não seja prejudicada.

Dor longínqua, do passado em sua plenitude
Do presente em sua solitude
Forjando a ausência
Da ilusão de um futuro cândido.

Dor impura, sinestesia de sentidos
De tato agonizante
De paladar amargo
De visão depreciativa
De audição atordoante
De faro ácido e nauseante.

Dor que punge meu ser
Minha sublime queda
Dor de tantas faces
Miseráveis e epifânicas.

Já não existe definição
Existe um gosto pela miséria
Gosto fino e incompreensível
Deleite de um gosto divino.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Anestesia

Sinto meu corpo adormecer
Retirando-se em miséria
Como soldados que correm
Da derrota eminente

Sinto o esvair da dor
E de todo sentimento.
O ácido que corrói minhas entranhas
Não punge minha existência.

E quantas lâminas que
Transcenderam meu peito.
Que enferrujaram, fixaram-se.
Sua infecção não deturpa meu ser.

Diante das chamas tépidas
De todos romances incendiários,
Cicatrizes dolorosas
Não agoniam minha psique.

Anestesiar-se, enfim
Não existe lástima ou dor
Não existe corpo ou alma
Não existe mente, nada.

Todas as lágrimas derrubadas
Inundaram o árido deserto.
Nasce uma miragem de alegria
E logo se desfaz o Oasis

E já não existe ilusão.
E já não existe vida.
E já não existe emoção
E já não existe nada.

Defeitos

Gostaria de dizer
Mil palavras a você
Mas estas, não significariam nada.

Gostaria de entender
O simples por que
Desta ausência desvairada.

Gostaria de vomitar
Toda miscelânea
De sentimentos e tormentos.

Gostaria de pensar
Que tudo poderia acabar
Neste exato momento.

Pois a calúnia e as personagens insensatas
Estão exausta de serem vítimas
Da falsidade ideológica
Desta realidade fragmentada.

Pois a filosofia inalada
Do gás tóxico que dá
Gênese a égide
De máscaras podres, putrefatas
De rostos de crianças mortas
Que jazem nesta lápide.

Pois meus heróis estão mortos
E os monstros existem
Dentro de meu ser
Vorazes e absortos.

Pois o mito da esperança
A ilusão da expectativa
São frutos do conceito
De meros defeitos.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Infância

Os risos e gritos
Os insultos e humilhações
E todas facetas abstratas e miseráveis
Ecoam pela eternidade

Todas as cicatrizes que sangraram
Criaram um monstro literário
Feridas que nunca cicatrizaram
Hemorragias que nunca se estancaram

A decadência e a miséria foram criadas
A partir da vergonha, do sofrimento
Das noites deturpadas

Do grotesco nasceu o vazio
As marcas ainda queimam como ferro em brasa
Criaram poesia, inconseqüência e brio.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A Irrelevância e o Tempo

A névoa que encobre
A escuridão da noite
A fumaça que exala
Meu cigarro de prazer
São fatos irrelevantes
Cotidiano de meu ser

Como a irrelevância julga
Todo fato simples ou complexo
São apenas frutos
De um julgamento convexo

Como o cachorro que anda pela rua
Ou o mendigo que lhe pede uns trocados
E que, sem perceber se julga
Tudo que está ao seu lado

E que, em completa apatia
Apenas não observa e segue em frente
E julgando sem notar
Não olha
Apenas caminha
E mais um cigarro acende

São fatos comuns
Que nada significam
Para muita gente

Eu apenas observo
Cada mísero detalhe
Da sociedade decadente

E digo que
A irrelevância é relativa
Ao ser que observa
E evita o julgamento

Pois esta mesma
Tem muito a mostrar
Para aqueles que não julgam
E se interessam em observar

A irrelevância é apenas uma venda
Que limita a realidade do vendado
È apenas uma prisão
Que diminui o ser
E o transforma em apenas
Um simples obstinado

A maior inspiração
Pode ser despertada
Pela simples irrelevância

A maior conclusão
Pode ser encontrada
Nessa simples irrelutância

Mas o mundo vive depressa
Depressa demais
E o tempo escraviza o ser
Com obrigações tão diversas
Que este
Esquece de ser

Apenas corre contra os ponteiros
Apático, mecanizado
E que mais parece máquina
Do que criatura
E que não tem nem sequer
Um sonho realizado

Não vive, existe
Não caminha, corre
Não observa, não vê
Não é nada mais que
Uma lataria
Cheia de engrenagens
Que nada sente, nada crê

O julgamento de irrelevância
Às vezes não passa de ignorância
E o único exemplo que te dou
São esses versos infames
Que a suposta irrelevância inspirou

Vítimas

Suposta subordinação
O destino forjando a cruel realidade
Subordinados desta terra sem razão
Somos apenas vítimas da causalidade

Apenas vítimas de vidas vazias
Pensamentos inexpressivos em ilhas
De tanto pensar, de tanto falar
E nada realizar

Vítimas, vítimas
Tão ociosas miseráveis
Vítimas que nem males trazem

Meras vítimas, tão passivas
Vítimas, apenas
De sua realidade

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Ausência

Uma necessidade tão grande
De atenção, de afeto
Justifica a efusividade
Como a linguagem de um dialeto

Incompreensível linguagem
Contestada, rejeitada
Quando o coração não diz
Quando os pensamentos confundem
E a alma não consegue manusear
Seu instrumento de prazer
O corpo fala por si só

Insignificância, paranóia
Ciúme diante de todo infortúnio
Um apego tão patético
Representa apenas
A ausência de algo

Insegurança tão infame
Incompreensível
Impensável
Representa apenas
A ausência de algo

E toda flagelação
Toda nostalgia
A depressão
A empatia
Representa apenas
A ausência de algo

A compreensão e aptidão
A dádiva de ver além da carne
O romantismo e todo sentimentalismo extremado
Todo olhar exasperado
Representa apenas
A ausência de algo.

Descender

A vida é nada
Há quem dissera
Romance insólito
Perdido, instável
Ilusão adjunta
Miséria deplorável

Vazio, falta de nada
Situação comum
Decadência cotidiana
Que é somente
A agonia de mais um

Miséria tristonha
Conseqüência comum
Adoecer a alma
Com tanta calma

Cotidiano de solidão
De desgraça psíquica
Uma vida oblíqua

Esvai-se, sem ilusão de plenitude
Esvai-se, dilacerada atitude

Esvai-se a humanidade do miserável ser que se ilude.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Maravilha Expressada

Eu, exaurido, torturado
Pungido, enclausurado
Dentro de meu ser de ócio
De decadência, de fóssil

Expressor de falsidades esfíngicas
Realidades inexistentes
Esculpindo e pintando
A sinestesia da expressão que mente

Dissonante o som que é
A expressão do acorde
Que dança, dentre notas
A melodia do consorte

Frustrada que é
Sua tão vária atuação
Lágrimas tão cálidas
Que merecem atenção

Dinâmica que é
O tão belo esforço
Saltitante, harmonioso
Doce flagelo, gracioso

Maravilha torturada
Esculpida, cantada
Tocada, pintada
Dançada, atuada

Maravilha expressada
Por expressar a maravilha
De todo torturado
Transmuta-se da forma enclausurada

Maravilha torturada
Agora livre desvairada
Maravilha vomitada
Maravilha expressada

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Soneto da exaustão

Já não consigo pensar
Apenas sinto
Essa dor dentro de minha cabeça
Fazendo-me esquecer de todos problemas

Já não posso pensar
Não consigo aguentar
Cansado por natureza
Exausto de ser impureza

E nada muda, tudo é o mesmo
Tudo se esvai com o tempo
E logo eu esqueço

Esqueço desse momento
Dessa dor, desse soneto
Desse mesmo pensamento virado do avesso.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Retrato Decadente

Os livros gritam silenciosos
As cores apáticas ignoram
A brasa acende e joga sob o ar
A asmática cinzenta fumaça a passar

Pequenas legendas que invadem a pútrida lente
Significam tão pouco, quase nada agora
Brota-se em tão ilógica gênese
Um retrato de sinceridade biológica.

Um rosto esculpido em apática expressão
Indefinível, irreconhecível pela razão
A arte em seu berço macabro de ilusão
A cor velha e cinzenta, enclausurada na perdição

Mentiras, ilusões e desilusões esculpem uma face.
Esfinge definhada, torturada em disfarce.
Culpa desta, eis o rosto do apache.
Culpa dela, miséria em retrato com molduras
Feitas de cacos caídos da vidraça de Marte

Vinhas que torturam tão definhada face
Agoniada, silenciosa, apática expressão de arte
Antítese do tédio e da irrelevância cotidiana
Tão interessante a pútrida arte

Vinhas secas, mortas que preenchem
As lacunas oriundas de uma obstinada sina
Da criação do novo suposto deus desta noite
A entorpecida presença impregna

E percorrem tuas entranhas, e moldam tuas tripas
E perfuram teus olhos, em morte rústica
E entrelaçam e transpassam tua expressão indigna
E descrição novamente não se aplica
Ao tamanho retrato macabro desta face

Retrato teatro de cenas intermináveis
Agonias gritantes se esculpem nessa face
Melancolias surgem itinerantes dentre partes
Tudo a se preencher em torno desta tela
De vidro estilhaçado, d’um modelo exilado
Exaurida, a exaurir o olhar obstinado

Eis, ó belo retrato de minha parte
Vinhas que definham o rosto do mártir
Eis o resultado da sina masoquista
Eis o perseverante vômito de palavras
Para a tentativa frustrada de passar a mensagem
De divulgar aos decadentes, minha verdadeira face.

Libertação

Quantas vezes por dia
Eu considero a idéia
De tirar a própria vida
Sem prazer

Esperando a próxima dose
As próximas ilusões
Nada a fazer

Quantos pensamentos fluem
Quanto sangue escorre
Sem haver

Esperança e harmonia
Caótica fisionomia
De meu ser

Devaneios que surgem
Em meu deturpado pensamento
De morte

O vazio que me consome
Transmuta-se na infame forma
De consorte

Grita-me, dilacera-me
Por favor, faça isso
Por mim

Estou exaurido
De abafar o grito
Dentro de si

Por um fim na glória
De um anonimato sem memória
Que sou

Despeço-me desse infortúnio
Lamento o caos incompreensível
“Me vou”

[24/09/2009]

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Mentalidade Poética

Vozes gritam, sussurram
Cantam em supérfluo
Agoniadas, encantadas
Vozes lívidas se dispersam

Vozes recitam e gritam
Nesta música poética
Vozes que perfuram meus tímpanos
E ensurdecem a dialética

Idéias se tornam palavras
Palavras se unem em frases
Frases que formam poemas

Estrofes perdidas em lápides
Ressurgem como males
Eis meu cemitério de dilemas

Doenças

Muitas circunstâncias o importunavam naquela manhã. Sensações ruins, exaustão, doenças que já se acostumara. Doenças que o perseguiram por toda sua mera bucólica vida. Dês das doenças mais comuns, como suas alergias, tosses, irritações, dores corporais, -conseqüências de sua vida boêmia- até seus transtornos mais profundos, que variavam de sua simples insônia, até suas insanidades mentais.

Doenças, meras doenças que o perseguiam, às vezes até agradáveis, como sua insônia, que o mantinha acordado de noites à manhãs, lendo, escrevendo, e vivendo experiências noturnas, as vezes, com sorte, até febris.

Eram tão inconvenientes como sua própria sombra, quando as perseguia, elas se afastavam, quando fugia, elas o perseguiam.

Era um pequeno e divertido jogo que o afastava do tédio.
Seus transtornos que tanto apreciava, dês da instabilidade de sua bipolaridade, que muito agradável, mesmo em histeria inconseqüente, mesmo em melancolia suicida, até as paranóias que o faziam delirar em hipóteses tão absurdas, as quais adorava retratar em suas obras.
Havia também seus transtornos emocionais, diferente de suas confusões mentais, não eram diversão, -não deixando de ser prazer- mas sim uma responsabilidade, uma sina, um bom motivo para se manter vivo nesse caos que era sua existência.

Suas melancolias melodramáticas que eram seus amores platônicos; sua necessidade de gestos sutis, que eram sua carência; seu pensamento profundo nas mais soturnas noites, que eram sua solidão; a intensidade, os gestos atenciosos e a atenção que eram seus romances -que maioria das vezes, duravam apenas uma noite, infelizmente-
Um cotidiano intenso, cheio de alegorias, melancolias, e diversidades. Alguns chegavam a considerar a hipótese de que este tinha múltiplas personalidades. Hipótese mais insana que a personagem a qual retrato aqui. Não era composto de várias personalidades, mas sim de várias personagens!

Um cotidiano intenso, nem sempre no bom sentido da palavra. Pois sua intensidade variava de uma intensidade fria, praticamente sólida, uma intensidade tépida, quase justa e equilibrada, e uma intensidade febril, na qual todas situações eram possibilidades, e todas idéias fluíam em velocidade imperceptível.

Era exaustivo variar tanto sua condição comum. Uma vida que não escolhera, e que por mais que gostasse em um deleite um tanto bizarro, era desgastante. Existiam os momentos que esta infame personagem apenas desejava um pouco de harmonia -algo que, para este, era uma utopia- em seu tão instável cotidiano. Nestes momentos de exaustão -tanto emocional, quanto mental, quanto física, diante de seus hábitos desgastantes- chegava, por poucos momentos, a se tornar inerte.

Chegava a ser desumano o desrespeito que tinha por seu corpo. Era praticamente um masoquista a torturar a si mesmo com suas próprias ferramentas de auto-flagelação. E por mais infame que fosse sua situação, até seu desgaste, em todas as formas possíveis, eram prazeres. Era, de fato, um masoquista.

Provável que este personagem forjasse suas doenças, seus transtornos, seus hábitos desgastantes e suas sinas emocionais com o propósito de se exaurir, ou talvez de apenas tentar ocupar todos minutos que o relógio o disponibilizava. Fuga, talvez. Mas do que este ser estava tanto a fugir?

Algo mais profundo do que todas suas forjas e circunstâncias não fora citado ainda. Mais soturno e miserável que o deleitar de suas situações de prazer comum, ou de seu prazer bizarro -pois para este, tanto a dor quanto o prazer comum, eram ambas situações para se deleitar- era o único sentimento que, de fato, o pungia. Aliás, não um sentimento, ou um transtorno, ou doença, ou decadência que fosse, mas sim a ausência de tudo isso.

Fuga, sim, provavelmente. Pois a única situação que o pungia, de forma tão cruel, a qual evitava ocupando seu tempo com produção artística, noites ébrias e obrigações ocasionais -inutilmente-, sempre se deparava com seu maior medo, sua maior agonia. O vazio.

Seu maior medo, sua maior agonia, sua tortura sem prazer. O vazio
Conflitava com este inevitável, inquestionável e incompreensível inimigo cotidianamente. Terrível tortura para este pobre ser. Era irrelevante ocupar seu tempo se entretendo com seus conflitos emocionais, produzindo suas tão prezadas obras, convivendo em sua sociedade hipócrita, se afastando da realidade em sua boemia decadente, pois sempre se deparava com o tão cruel conflito que era o de enfrentar o vazio dentro de si.

Um medo irracional talvez. Mais um motivo para ser chamado de louco por todos aqueles que não compreendiam sua insólita lucidez -ou seja, todos, de fato-Mas era inevitável entrar em conflito com este espectro negro em seu ser. Esta doença mor que se alimentava de seus muitos vícios e poucas virtudes.

Um parasita, que subtraía de si, um pouco de sua humanidade, diariamente. Um processo que o tornava cada vez mais atroz. Situação que somente viria a cessar no momento de sua libertação final.

Mas era, de forma realmente macabra, interessante fazer parte deste logo, pois, de fato, não era uma realidade tediosa.

Réquiem

Divino réquiem que me atrai
pela ignota voz dos restos mortais
Enterrados a sete palmos do chão
sem motivos, sem razão.

Á todos ossos e toda a carne pútrida,
que jazem nesse solo sem vida.
A tudo que viveu um dia
e hoje alimenta tal bela harmonia.

Dedico a vós, restos dos seres que caminharam
por esta terra maldita
Dedico a vós, os versos profanos dessa poesia

Em vossa homenagem dedico essa simples prosa.
E que esse réquiem faça que o dia não amanheça
para que a harmonia da neblina, da escuridão e da morte prevaleça.

Olhar para o passado

Observar o passado olho para cima!
Eis o passado trágico perante a Lua divina!
De escuridão tão profunda, de beleza ignota.
Que sua imensidão difunda em mim, oh beleza morta.

Um sentimento de nostalgia e prazer em minha obra.
Difunda em mim a trágica saudade, oh beleza morta!
Para lembrar e dilacerar,
meu desgraçado ser em vão.

Observo-te em convexa visão,
e vejo, diante do passado, tamanha solidão.
Diante deste lamento, eis uma ode a ti.

Doce decadência que é sofrer em vão.
Minha dor se torna prazer,
por ti, beleza morta,
ressuscita memória do que um dia fui a ser.

Meu crime

Uma noite sem sono
Uma manhã chuvosa
O céu nublado
Me molha com tuas lágrimas

O crime
O assassinato
Silencioso
Em desapego

Uma chícara de café
Um cigarro
O fim
do tépido desespero.

Noiteadores

Deixando pelas ruas
Seus rastros de decadência
Fazendo das noites tão absurdas
Expondo ações julgadas como indecência

Donos da noite, malditos por opção
Excluídos, românticos em putrefação
Alucinados, excitados, infames sem razão
Bucólicos e melancólicos perdidos na escuridão

Vândalos acabrunhantes sem religião
Infectados por terror e agonia
Em seus momentos de solidão

Artistas carentes de razão
Estes são os Noiteadores
Inspirados somente pela emoção

O conflito diante do romance incompreensível

E depois de muitas noites mal dormidas. De dias pensando na mesma pessoa, que me enfeitiçara com tamanha eficácia a ponto de me fazer deixar de pensar em situações alheias, fatos cotidianos, argumentos, filosofias...
Enfeitiçara-me a ponto de excluir de minha mente todos os conhecimentos de adquirira através de minha experiência de infame vivencia miserável.

Surgiu motivação, esperança por este romance, pois todo início de romance sempre traz aquela sensação insólita de alegria débil, de sorrisos espontâneos e olhares em devaneio. Surgiu esperança de completar o vazio que se manteve a me consumir num ato voraz e vil.
Falsa esperança eu diria. Tão comum falsa esperança, da qual todos um dia já provaram.
A falsa esperança de encontrar em algum ser alheio a solução de suas mágoas. O preencher da lacuna tediosa e voraz de seu tragicômico cotidiano.

Tudo que o ser humano procura. Completar a si mesmo. Plenitude. O ato mais imbecil que o ser humano pode cometer, e comete,
é o de ter a falsa esperança de encontrar em outro ser humano (tão vazio quanto este mesmo) o preencher desta tão lúgubre circunstância comum.

Estava a vivenciar, novamente, esta falsa esperança, mas de uma forma diferente. Esta pessoa conseguira tirar todo conhecimento, toda a auto-preservação de sua mente. Tornou-se um sentimento desesperado e, logo, uma gafe.
A sensibilidade do ser diante desta situação incomum, portanto desesperadora, realmente preenchera este vazio, mas não da forma tão plena que se deseja. Apenas substituíra o sofrimento do vazio pelo sofrimento de um amor platônico.

Por tamanho desespero que sofrera por causa deste sentimento em sua intensidade toda, não conseguia preservar a si próprio, nem respeitar a si próprio, e muito menos pensar em si próprio.
E por estas circunstâncias, fora tomado, completamente, pelo sentimento constrangedor da insegurança. Por insegurança, que resultou em sua falta de atitude, em seu nervosismo, e por fim, em seu trágico sofrimento. Esta a justificativa do sofrimento de um amor platônico: a insegurança, que resulta na falta de atitude, e assim na impossibilidade de vivenciar tal sentimento, já que impossível declará-lo.

Mantive-me em sofrimento, por horas, dias, semanas... A terrível sensação de inaptidão me fizera pensar na incapabilidade, considerando os argumentos internos e externos diante dessa situação emocional masoquista.
O sofrimento agoniado, e sem possibilidade de mudança. Tão terrível sombra diante de teu ser, que o impedia de dormir ou acordar, que o impedia de pensar, que o fizera chorar por este tão vasto período cruel.
Era praticamente atroz sofrer desta forma. Porém, preferia sofrer agoniadamente, sem sua segurança, sem voz, por este romance de uma só parte, do que sofrer pelo vazio, que o consumira aos poucos durante os anos, subtraindo cada vez mais seu precioso sentimento de si.

Aceitava ser o romântico que era, e apreciava muito o sentimento que é amar. Até como a maior dor que um triste ser obtém através do mesmo.
Dilacerando a si mesmo, lenta e dolorosamente. Não havia outro pensamento em sua tão cega mente.
Mantinha sonhos, lembranças sobre esse amor. Fechava os olhos, e podia vê-la tão claramente a ponto de considerar a possibilidade de tocá-la.
Sonhos e lembranças que o pungiam ainda mais, de forma ainda mais cruel.
Tudo relacionado a romance passou a torturá-lo. A imagem de um casal o fazia pensar na possibilidade de estar acompanhado por sua amada, e, logo, o fazia lembrar a impossibilidade e da realidade que vivia.
Escrevia poesias, prosas, crônicas, pensamentos, sonetos, todos sobre este romance. Todo seu conhecimento literário, toda sua produção artística se voltara a ela.

Perdia-se em si mesmo, conflitando sua (agora tão prejudicada) racionalidade com sua sensibilidade. Estava atordoado, confuso, ausente. Seus sonhos tomaram conta de seu pensamento, suas fantasias substituíram suas teorias, e seu obsessivo romance substituía sua filosofia.
O preencher de seu vazio o pungia. O vazio em si, também o dilacerava. Não encontrara solução alguma para nada, já não conseguia pensar.
Tornara-se atroz, um animal romântico incapaz de raciocinar.
Essa metamorfose acontecia dentro de si imperceptivelmente.

Certa manhã, já desumanizado, sofreu uma overdose deste sentimento.
Desumanizado, desanimalizado, convertera-se em nada.
Um objeto inerte a toda situação que vivera interna e externamente.
Um corpo sem mente, desalmado, frio e sem vida.

Manteve-se desta forma por alguns minutos e logo regressou a si.
Voltou a ser, realmente. Pensava com normalidade, suas filosofias jogavam em sua face o quanto se tornou ocioso.
Não sentia mais a intensidade romântica que sentira, porém não deixara de ser um romântico.
Assim como a intensidade, a insegurança também evanesceu subitamente. Porém, não deixou de amar, apenas deixou de ser o masoquista que era antes.

Estranhamente, o vazio também não estava presente nesse momento de epifania.
Encontrara o equilíbrio de si mesmo, depois de tantas descargas emocionais, tantas lágrimas desesperadas, encontrara seu eixo.
E somente neste momento de epifania, soube que ainda poderia seguir em frente e lutar pelo que sentia. Pois agora havia segurança em si, e somente agora deixaria de conflitar consigo mesmo, e passaria a conflitar com o externo de sua infame vivência ao invés de conflitar consigo mesmo.
Compreendera o significado de "completo". Compreendeu, novamente, que somente ele mesmo poderia completar a si.
Porém, não deixara de ser o romântico que é, muito menos deixara de amar, ainda esta mesma pessoa.
E seguiu em frente, sem se importar com o sucesso ou com o fracasso.

O Pungir de minha alma

Imponho sobre mim minha cólera interna,
Expondo todo sentimento vil e atroz.
A dor que punge minha alma deserta.
O açoitar de meu corpo em minha agoniada voz.

A macabra violência cruel e voraz,
A destruir o ser em desesperada inconseqüência.
O ato indisciplinado de dilacerar a paz,
Construindo o desumano sentimento de decadência.

E emprego em mim, agonia caótica
E disperso inconscientemente, dor exótica,
Da qual nenhum ser possui conhecimento.

O rasgar de minha alma, pútrida e miserável
O definhar de minha carne, em escarlate impensável
Por um solene incontestável sentimento.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Pouco tempo, pouco tempo.

Eu já não aguento mais,
perder tanto tempo.
Há tanto a fazer,
em tão pouco tempo.
As horas são escassas,
os momentos são raros,
momentos curtos,
a serem apreciados.

Tenho muito a perder,
tenho muito a fazer,
e pouco tempo para realizar.
Pouco tempo para ser.
Pouco tempo para estar.

Pouco tempo, pouco tempo,
e o mundo vai acabar
no próximo momento.
Que sede de viver,
que sede de fazer tudo acontecer.
Mas eu tenho pouco tempo
e muito fazer.

E logo morrerei,
e pouco tempo viverei,
e muito não farei,
e não sei porque,
me preocupo tanto
em deixar de fazer.

Pouco tempo, pouco tempo,
está tudo acabando.
Ansioso por não ter tempo,
já não vivo nem faço,
já não sou nem estou.
E ansioso, me acabo,
com o tempo que restou.

Confiança

O tédio é relevante,
um desânimo itinerante.
Um inapto novato diferente,
desprezado por uma sociedade sorridente

Realmente subestimam esse jovem inerente,
e subestimar é ato daquele que não compreende.
Aquele que tem medo do diferente,
ou apenas é estúpido o suficiente,
para julgar pelo aparente.

O jovem inerente, pouco surpreendido,
olha friamente, para os olhos de teu inimigo.
A frieza foi o suficiente para retirar o seu sorriso,
e as poucas palavras do humilde inerente
foram suficiente para que o silêncio prevalecesse.



O riso é a arma dos confiantes,
se sua confiança é tirada,
não restará nada.

domingo, 9 de agosto de 2009

Vivemos o caos interno da alma.

Vivemos a vida perpetuando a morte.
Somos deliqüentes sem sorte.
Perseguidos por infâmia.
Sangrando lágrimas por dentro.

Perdidos em nossas sombras,
Vendendo nossas almas a algo inexistente.
Dispersando pensamentos, e condenando a nós mesmos.
Vivemos o caos interno da alma.

Vivemos em lamentável lástima,
Em oblíquia auto-repressão .
Perdendo a alma em vivência inóspita.

Vivendo em falsa fé, nos rendemos.
O que tinhamos a dizer, já não temos.
E por tudo que não somos, já não vivemos.

domingo, 19 de abril de 2009

Expressar é o Vício dos artistas.

Eu sou um suicída,
sou um masoquista,
uma alma perdida,
vivendo uma vida restrita.

Minha frustração,
minha infâmia,
me dão o desejo de me expressar,
me dão o dom de criar arte instantânea.

Fecho a porta de meu quarto abro as janelas para a inspiração entrar,
para que eu possa me declarar,
para que eu possa ser o que quiser,
estar aonde quiser,
viver o que quiser,
dizer o que quiser,
e fazer por gostar.

Deito em minha cama,
me cubro com meus cobertores,
mas não para dormir,
mas para pensar sobre o que sinto,
expressar minhas dores.

A noite fria é a perfeita inspiração
para questionar o que se sabe,
e não viver em vão.

Não durmo,
Não descanso,
Não sonho,
Apenas escrevo.

Embalsamento Artificial.

Embalsamado artificialmente,
sigo em frente pelo caminho da escuridão.
Não somos nada e não temos ninguém,
no final de tudo não existe sentimento ou razão.
Vagamos pelo mundo iludidos com algo inexistente,
nos apegamos a ilusões perdidas,
achamos uma virtude que se torna vício,
algo que me faz inerente.

Não há mais ninguém,
não existe nada além da solidão,
nos tornamos egoístas,
já não procuramos alguém.

Não importa o que é real ou ilusão,
não importa quem mente ou quem diz a verdade,
não importa,
no fim de tudo sempre haverá decepção.

Não existe nenhum final feliz,
não existe nenhum final pacífico,
tudo é gerado por conflito.
Dizem que não há desculpa para o que fiz.

Fui embalsamado por materiais artificiais,
por pessoas artificiais,
por razões superficiais,
por malditos motivos irracionais.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Depressão Pós-Suicídio

Eu passo todas as noites em claro,
já não consigo dormir de acordo com o relógio.
Já não consigo me render a tres malditos ponteiros.
O descanso não vem, o descanso não acontece mais.
Como se o dormir durasse apenas alguns segundos, sem valor.
Não faz sentido se manter desacordado durante horas,
isso não me satisfaz.
Já não sonho mais, já não acordo mais,
o mundo se tornou escuro e sem sentido.


As ultimas noites foram ótimas,
cheias de ilusões, cheias de insanidade, realmente necessárias.
Eu gostaria de não precisar parar,
mas isso não é possível.
É um infortúnio ter limítes.
Estou decaindo aos poucos.

Minha mente já não pensa,
meu corpo já não cansa,
meu coração não sente,
minha alma descansa.

Cada vez mais sinto a degeneração profunda de tudo isso.
Estou destruindo a mim mesmo.
E isso é tão bom.
Já não me sinto patético
porque já não me importo mais.

É tudo vazio, ninguém realmente existe.
Não há com quem contar, nem em quem pensar.
Não faz sentido.
Vivemos uma grande ilusão, uma grande farsa.
Somos alma corrompidas perdidas num mundo cruel cheio de
desgraça.

Não faz sentido confiar,
Não faz sentido conversar,
Não faz sentido sentir,
Não faz sentido agir.

Vivemos uma hipocrisia na qual acreditamos que estamos bem
ao lado de pessoas que amamos quando na verdade estamos
nada mais nada menos do que sozinhos, como todos seres humanos.

Somos egoistas, e não faz diferença acreditar em alguém.
Somos seres pútridos da mais profunda escuridão.
Somos seres desauridos e amaldiçoados por pensar.
Somos a escória predadora de um mundo em chamas.
Não existe definição melhor para o ser humano.

É possível encontrar beleza dentro destes seres desalmados e
perdidos... como é possível encontrar beleza em tudo.
O conforto vem de cada um, assim como a consideração, o gosto
e todas condições únicas...

É tudo uma questão escolha, pois no fim de tudo, tudo passa.
Tudo acaba.
Tudo se perde.
Tudo se esquece, por mais cruel que seja.

Somos memórias perdidas.
Somos passado que não volta, presente que não satisfaz e
futuro que não existe.

Somos... não...
Não somos.
Não mais.

terça-feira, 24 de março de 2009

Saudade.


Saudade que machuca,

Que dói
Maldita nostalgia,
Saudade que corrói.

Sentimento inevitável,
Que traz tanta agonia.
Momento incurável,
Que tira minha alegria.

Saudade do que já passou,
De tudo que aconteceu,
De tudo que já não sou,
De tudo que se perdeu.

Saudade, amarga saudade,
Quero um atídoto parar curar minha nostalgia.
Saudade, amarga saudade,
Quero um veneno que me dê alegria.

terça-feira, 17 de março de 2009

Discução sobre a Motivação.


Me empreste um motivo,
Me dê uma razão.
Você me deve um sentido,
Me dê em troca sua opinião.


Porque tudo pode ser conseguido então?
Porque só existe limite para os que acreditam no mesmo.
Então porque acreditam no limite?
Para justificar a falta de vontade.
E porque existe falta de vontade?
Envolve o querer e o não querer. O poder e o não poder.
Porque não se quer e não se pode?
As vezes não se quer porque não se pode, as vezes não se pode
porque não se quer.
Mas não se pode tudo?
Só aqueles que não acreditam no limite podem tudo.

Filosofia propriamente dita


Como se o tudo fosse agora,
Como se nada demorasse como demora,
Por todas razões, motivos,
Fúteis, irracionais,
Não importa,
Não adianta lamentar ou tentar encontrar motivos
para justificar.
Como se tudo fosse acontecer com alguma razão...
Tolice...

E agora, mais uma vez, são oito horas da manhã e
eu não dormi ainda,
oito horas e muitos minutos,
as vezes tão eternos, porém tão curtos.
Descansar não vale a pena, muito tempo perdido,
sem fazer nada, sem se expressar...
Chego a conclusão de que a exaustão me ajuda a pensar
melhor,
Talvez seja verdade... Até faz sentido...
Talvez este seja o momento oportuno,
ou importuno... Que oportunidade!

Se esconder da luz é mais interessante do que viver
na escuridão.
Vale mais aprender por necessidade, do que por
pressão.
Mais interessante, do que se perguntar se sim ou não.
É irrelevante se questionar sobre o "sim" e o "não".

Como se fosse, por um momento, uma vida perdida,
E foi, por um segundo, uma irremediável intriga.

O que faz sentido pra eles parece bobagem.
O que faz sentido pra mim parece loucura.

Por um mês, eternamente, pensando, se esforçando,
se cansando, tentando, se decepcionando...
Por uma semana, esperança, tédio, esperando pelo fim,
desesperadamente...
Por um dia, uma contagem, uma repetição, uma exaustão
uma diversão, uma imensidão que acabou tão cedo,
podendo ser eterna, ou repentina...
Por uma hora, como se o tédio matasse, e o fazer
também, como se o prazer se matasse sem conhecer
ninguém...
Por um minuto, sou o que gostaria de ser, mas no
minuto seguinte, não sei mais o que sou...
Por um segundo, não acreditei, mas foi o suficiente
para me mudar completamente...

Como conseguir ver atravez dos olhos de outro?
Como conseguir sentir atravez do coração de outro?
Como conseguir pensar atravez da mente de outro?
Como conseguir se expressar atravez da arte do outro?
Impossível... isso nos faz imperfeitos...
Mas nos faz tão belos do mesmo jeito.

Por uma poesia positiva

Minha maneira de me perder,
Minha maneira de ser,
Minha maneira de estar,
Minha maneira de se encontrar.
porque que importa é caminhar,
E entoar a música que se expande dentro de si
Para no mundo viajar.

Por uma poesia positiva,
por ser e estar
Por uma poesia positiva
para ser e amar.

Por tentar e amar,
Por arriscar e conseguir,
Por desejar e alcançar,
Por sonhar e não desistir,

Para voar sem ter asas,
Para sentir sem se preocupar,
Para deixar de raciocinar,
Para apenas sentir, para ser e estar.

Por uma poesia positiva,
por ser e estar,
por uma poesia positiva,
para ser e amar.

Memória jogada ao vento

O ponteiro gira sem se ver,
A roda gira sem saber,
em que ponto estará amanhã,
aonde chegara, sem saber,

São tantos segundos passando,
voando enquanto pensamos,
tantos momentos que são agora,
amanhã serão só memória,
memória perdida no tempo,
memória jogada ao vento.

Minha memória sem glória,
Sem esperança, apenas história,
Minha harmonia infeliz,
Tudo que foi já passou,

Tudo que sou, já não sou
Tudo que eu fiz, acabou
Tudo que eu sei, esqueci,
Tudo que sonhei, eu perdi

São tantos segundos passando,

voando enquanto pensamos,
tantos momentos que são agora,
amanhã serão só memória,
memória perdida no tempo,
memória jogada ao vento.