terça-feira, 28 de maio de 2013

Uma Ode às Olheiras

Insônia,
Talvez seja você a quem eu realmente pertença.
Talvez tu sejas a grande musa de meus poemas.
Seja na ausência do meu sono,
De meus sonhos de papel.
Seja na tua força intensa
Que derrota até meus comprimidos roubados que são de fel.

Talvez você seja minha infalível dupla
Numa romance solitário,
Quase análogo a um platônico,
Porém presente fisicamente
No físico de minha mente.

As olheiras contam uma grande estória de amor,
Enquanto a dor de cabeça,
A náusea em seu esplendor
Gritam em contradição
Neste romance paradoxo.

Talvez seja você, Insônia, quem eu prezo e quem me prende
Neste cotidiano doente,
Nesta relação que me adoece.

Tu que me deixas preso no mesmo lugar,
Enquanto a chuva cai lá fora
Em toda flora, e que no agora,
Na solidão de tua presença
Me extasia, quase inconsciente,
Na multidão de pensamentos
Que não param de digitar.

Uma ode às olheiras
Que retratam nossa relação doente.
Que são a escultura no mármore impuro de minha face
Massacrando um amante fadigado e descontente,
Que caminha em caminhos de edredom

Extasiado a fadigar.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Nossa Luta

(Inspirado no Movimento Estudantil da Unesp - Assis
Para todos movimentos sociais)

Nossa luta marginal e espontânea
Se articula em cada célula revolucionária
Que é um militante na rua.

Nossos tambores de guerra
São as caixas, as congas e as alfaias.
Nossas armas que param o trânsito
São bolinhas de borracha, arcos e clavas.

A pintura de guerra que cobre a cara nua
É feita em tinta negra
E narizes de palhaço.

Nós somos um organismo potente
Em grande expansão.
Levantamos bandeiras apartidárias,
Pois nossa bandeira é a educação.

Lutamos por aqueles que não vieram,
Aqueles que não passaram no filtro social.
Lutamos por aqueles que nos deixaram,
Estamos inconformados com a política de migalhas
Que nos jogam de cima do palanque governamental.

Lutamos, pois somos guerreiros
Que se levantam no meio da multidão.
Lutamos, pois somos guerreiros
E não queremos esmola,
Mas sim revolução.

domingo, 12 de maio de 2013

Três Poemas de Ressentimento II


Corações imaturos caindo das árvores.
Você me deu um soco no estômago
E vomitei parte de mim.
Eu mirei em sua cabeça.

Predadores de coração mordido
Os colocam em cestas.
Você limpou meu vômito,
O colocou numa sacola e se deu um fim.
Disse que não era um alvo fácil.

Uma salada de maçãs para um amanhã que nunca chega.
Eu fui para o hospital, nauseado de você e com fome de mim.
Um dia do caçador, o outro da besta.

Três Poemas de Ressentimento


Corações imaturos caindo das árvores...
Predadores de coração mordido os colocam em cestas.
Uma salada de maçãs para um amanhã que nunca chega.

Você me deu um soco no estômago e eu vomitei parte de mim.
Você limpou meu vômito, o colocou numa sacola
E se deu um fim.
Eu fui para um hospital,
Nauseado de você e com fome de mim.

Eu mirei em sua cabeça.
Você disse que não era um alvo fácil.
Um dia do caçador, o outro da presa.

Fome de Mundo


Eu sou um bicho.
Sou bicho-homem,
Bicho-mulher,

Sou bicho-hermafrodita
Eu sou bicha!
Sou bicho e bichete,
Veterano e veterana.
Predador e presa
Nas trilhas e estradas
Numa constante fome insana.

Eu sou um bicho que ama
Além da roupa, da maquiagem,
Da pele e do corpo!

E nada vai que me dizer,
Vai me declarar
Como bicho morto.

Viverei na memória,
Retornarei ao solo da natureza.
Como bicho orgânico desorganizado que sou.

Sou bicho de pano em um nó amarrado,
Torcendo e retorcendo
Retardado em cada divino dilatar de pupilas
Que ocupa o espaço.

Sou bicho como todos os bichos.
Sou bicho como nenhum bicho.
Buscando aonde há beijos,
Aonde há braços,
Aonde há calafrios e espasmos.
Sou bicho motor, movido e movimentado
Pela fome de mundo.

Pernas para Voar

Longe da estante pareço tão maior
Perto de todos os estandartes de concreto
Eu olhava o horizonte de pés abertos.

A dor do fardo em minhas costas
Era a do parto de asas de piche
E os pés rodando em pneus carecas sob-rodas.

O horizonte encoberto
De edifícios austeros
Assemelhava-se a moldura de uma janela quebrada.
Mas fitar o horizonte é pouco, muito pouco,
Para quem tem pernas para voar.

Eu queria colocar meu pé na estrada,
Meu dedo na terra,
Girar o mapa-mundi para apontar
Aonde irá pisar minha bota furada.

Mas meu armário estava cheio de animais
Que meus pais me ensinaram a cuidar.
E minha paz se encontrava
Num colchão de molas, assistindo na Tv
O dançar de mais uma pop estar
Que todo mundo vê.

Mas o que ninguém vê
São os pássaros de asas podadas em gaiolas de tijolo e argamassa
Cantando para alguém abrir a porta.

Até que um dos pássaros enxergar com o bico
E com o brio gritar contra o vidro.
E no breu de um brio a abriu.
Um pássaro fugiu.

- Eu quero o baque-solto da vida.
Quero ser bicicleta sozinha e sem guias.
O que acontecerá se um
Pássaro aprender a abrir a gaiola?

Pois tem muito mundo
Por detrás dos portões,
Dos condomínios, das favelas, casas-prisões.

E o artista é o pássaro
Tangindo o mundo invisível.
Para inspirar em toda essa gente
O possível impossível!