quinta-feira, 14 de abril de 2011

Na Boca do Abismo

Juntam-se os símbolos
Na boca do abismo.
Aonde a luz não alcança,
Aonda as estrelas são mudas.

Jutam-se os livros, espelhos e cadernos;
Sintetizam-se os gritos, os bispos e as preces;
Seca-se o sangue, alimentam-se os vermes
No abstrato de cores que se apagaram.

Jutam-se e nada, e logo se decompoem
Deixando apenas os retratos, os diários
Nas bibliotecas que não se incendiaram.

Pois de nada existe tudo e de tudo existe muito,
Na empatia, na apatia de poetas moribundos.
Sintetizam-se os sígnos, sintetiza-se o mundo
[E nada mais importa.