quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Esquizo

A natureza é feita de conexões
Cada corpo que habita o espaço
Nele compõe um relacionamento singular
Cada laço traçado pelo olhar
Fala o tato de cada poro
No entrelaçar de cada encontro
Nasce o desejo

O insconciente não é um depósito de traumas
Uma câmara secreta que deve ser estudada pelo arqueólogo
Avaliados vários fósseis e interpretados hieróglifos antigos
O insconciente é potência subversiva e criativa
É produção infinita de encontros
Produção improvável de desejo
Que alcança os corpos na tecelagem da realidade

Tomando conta da produção de si
Estendo tentáculos a corpos que me fortalecem
Como o rizoma que busca expansão
Brotam em mim novas potencias
Na busca incessante de transmutação
Nômade debaixo da terra
Abre tuneis de minhoca para se alimentar

Sob o corpo múltiplos solos férteis
Forças que procuram expressão
Canta a vida que divaga
Em busca incansável de variação
Mas ao se deparar com o limiar do muro
Não destrói tudo ou esquiva os tijolos
Mas cava fissuras, lentamente,

Para atravessar e atingir novos territórios!

quarta-feira, 24 de maio de 2017

O Afeto é Inevitável

escrevo com as mãos 
poemas que lutam contra a apatia 
no malabarismo do dia a dia 
não adio a poesia
pois no corpo jaz a produção inerente de discursos
circuitos em curto que produzem faíscas 
rompendo as fronteiras
entre o fantástico e o cotidiano
no balanço da capoeira
jogando para cá e para lá 
faço revolução com a arte voraz
o afeto é inevitável
e em tempos de ódio 
luto contra o fascismo sem Temer 
pois é fazendo da vida poesia 
que encontro coragem para ser 
tudo o que puder ser
em cada encontro existe potência de novos mundos
em cada canto canta mais um verso 
que muda o que é mudo
que tece universos
mudo de casa
de postura 
de profissão 
pois é na audácia de ser poeta
que encontro minha razão


terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Ladainha da Resistência

O teatro anuncia
O rito que alegra
Ritual, magia pura
Que transcende e atravessa

O povo ritualiza
Sempre ritualizou
A cultura popular
O povo mesmo que criou

Isso é coisa perigosa
Pois o mundo se encantou
E essa gente poderosa
Morre de medo, sim senhor

Pois quando o povo junta
Canta dança e balança
Encontra força e vida justa
E alegria de criança

Maracatu, maculelê
Candomblé, umbanda, bumba meu boi
Samba de roda, capoeira
Força intensa sempre foi

E se a polícia chega
A gente canta em outro lugar
A poesia flui como um mar

Que ninguém pode parar, camaradinha