terça-feira, 30 de junho de 2015

Vontade de Imensidão

No meio do caminho
Encontrei um poema que dizia
Que existe tanto tato no olhar
Que a pele se arrepia

O toque ébrio das pupilas
Engendra em cada poro
Música metabólica
Dança e festa dentro da cada órgão

Minúsculas moléculas
Fazem o rolê em alegria
Transborda uma vibração que impera
Agitação que se confunde com agonia

O toque alimenta a carne – que saliva –
E os mesmos lábios que beijam, mordem e lambem
São também aqueles que proferem a poesia
Abrem feridas que se fecham estanques

Aquém as palavras de qualquer poeta
Amor é aquilo que o corpo atravessa,
E para além vai, sem contornos, desenha
Beleza disforme que, às vezes, até o corpo desdenha

A carne pede
A alma pede
O espírito ou seja o nome que se dê
Essa sede por cada orifício
Vontade de pular de um grande edifício
Para voar
Ou cair no chão

Para o toque
Da alma, corpo ou coração,
Talvez não haja razão que se dê

Se não essa vontade de imensidão

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Recado ao Navegante Acabrunhado

Fala a consciência ao pé do ouvido
Do navegante acabrunhado:

“Vá, navegante,
Caminha em direção ao novo
De nada vale
De nada basta
Esperar o mesmo navio
No mesmo porto

Vá, navegante,
Não seja bobo
Solta a bagagem extra
Que este barco vai naufragar
Deixa de ser besta
Ou pule você mesmo em direção ao mar

Vá, navegante,
Quantas âncoras cabem nesta caravela?
Faça sua escolha:
Pereça nas profundezas
Ou voe como uma libélula”.


Devaneio Insone

Quando o sono não bate e a vida não basta
Caminha em busca de intensidades na madrugada.
Os olhos não fecham e o devaneio não tem fim
Caminha dentro de si, nômade dentro de um quarto
Ponte entre eu e mim.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Pouco Verso

O que acho lindo
Nas palavras, na melodia:
Pouco verso
Muita poesia

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Brilho Nômade

Atravesso-me
No entrave, atravesso a ponte
Que me atravessa
E esses afetos,
Mais fortes do que qualquer reza,
Entalham nas pedras
Poemas cor de Sol
Raízes de dentro da terra.

Atravesso-me
O canto me atravessa
E é na travessia
Que se encerra a poesia
Multiplicidade de mil esferas

Canto-me
E encanto minhas feras
No caminho da criação
Forjo poemas e melodias
Para acariciar
A alma que se exaspera

Limo-me
Como se lima um muro
Para gerar passagem
Ao nômade que erra
Carregando sempre nos bolsos,
No cheiro doce e acre,
Uma nova terra

Caminho-me
Nomadeio-me
Além do prazer e da dor
Em cantos
Enleio-me
Pela vida

Sinto fulgor.