No meio do caminho
Encontrei um poema que dizia
Que existe tanto tato no olhar
Que a pele se arrepia
O toque ébrio das pupilas
Engendra em cada poro
Música metabólica
Dança e festa dentro da cada órgão
Minúsculas moléculas
Fazem o rolê em alegria
Transborda uma vibração que impera
Agitação que se confunde com agonia
O toque alimenta a carne – que saliva –
E os mesmos lábios que beijam, mordem e lambem
São também aqueles que proferem a poesia
Abrem feridas que se fecham estanques
Aquém as palavras de qualquer poeta
Amor é aquilo que o corpo atravessa,
E para além vai, sem contornos, desenha
Beleza disforme que, às vezes, até o corpo desdenha
A carne pede
A alma pede
O espírito ou seja o nome que se dê
Essa sede por cada orifício
Vontade de pular de um grande edifício
Para voar
Ou cair no chão
Para o toque
Da alma, corpo ou coração,
Talvez não haja razão que se dê
Se não essa vontade de imensidão