terça-feira, 21 de abril de 2015

Sarau Sem Viaturas

Vergonha?
Vergonha de que?
De dar um passo a frente
Para atravessar a rua?
É mais fácil morrer atropelado
Do que morrer no palco

Olho para o lado
E tem uma voz que me diz
Que tudo que eu faço
É medíocre, esdrúxulo e sem raiz

Olho para frente
Olho nos olhos dessa gente
Empino o nariz contente
E canto um poema sem medo de ser feliz

Partilho um pedaço
Um dedo, um braço, um abraço
E digo que a vergonha
É algo a nós ensinado

Tornemo-nos quem somos
Sem pedir desculpas
Dancemos as danças com o corpo inteiro

E que a vida seja um sarau sem viaturas!

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Coragem

Coragem para ser nômade de si
Transmutar cor no olhar audacioso
Que dá início à profunda inquietação
E ao futuro gozo
De dar o primeiro passo e direção ao salto
E mergulhar

Coragem de escutar e atender
As intuições que nos atravessam,
Os chamados que perpassam...
Existe uma sabedoria no profundo do ser
Que por vezes escolhemos calar
Deixando passar peculiares oportunidades

Coragem e alegria
Não uma alegria vã, mas espontânea,
E não uma coragem ébria,
Mas capaz de admitir uma covardia
Para reconhecer limites nas tentativas
E erros nas guinadas da vida

Coragem para pedir perdão
Para cantar, desafinar e desafiar uma bela canção
Brincar sem medo de ser ridículo
Romper barreiras dentro de si
Para falar de amor, pedir abrigo
E tomar as rédeas da própria vida

Coragem de dizer não
De se respeitar
E de escutar a coragem do coração
De bater todos os dias,
Continuar o fluir da vida
E navegar na desconhecida imensidão

Coragem para morrer
Deixar na estrada
As antigas malas
Que nas costas
Impedem o dançar

Coragem para ser
E mudar o destino e as rotas
Sem medo das pedras
Que construirão castelos de luz
E edificarão o seu florescer

Coragem:
Cor do agir
Flor da cor de ação
Da grandeza do coração de leão
A rugir e caçar a presa
Coragem para caçar a imensidão


terça-feira, 7 de abril de 2015

Quando os Tijolos Caem

O eu de ontem não rima
Com o eu de hoje não rima
Com o amanhã
Não rima comigo mesmo

Eu não rima com o vir a ser
Não rima com que fui, sou, será?
Ser
Ei de ser
Serei a ser
Sereia a ser
O que posso ser
O que posso ser
O que posso ser?...

Movimento não rima com estrutura...
O caos que reina rima com desenvoltura
É quando os tijolos caem

Que acontece a beleza...

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Estrela Dançante

Como universo
Esbarro galáxias de dentro
Você é um universo
Criadouro de estrelas

No esbarro das luzes,
Sutilezas brilham nos dentes
Olhos reconhecem-se nas lentes
Me encontro em você
Você se encontra em mim

Que bom que você veio!
Com os olhos da alma,
Enxergo o lampejo
Que bom que estamos aqui
Juntos!

Celebre e saúde os encontros
Pois quando universos se trombam
As forças se transmutam
E, de repente, você teceu em mim um novo astro

E nascerá uma nova estrela dançante
Que fica aqui dentro, dançando,
Pois não existem despedidas
Longe é um lugar que não existe

A natureza do universo é a expansão
Torna-se maior, toma seus rumos,
Caminha os horizontes
De sua misteriosa imensidão

Que bom que você veio!
Eu estou aqui
Que bom que você se foi!
Você está aqui
Pois na expansão dos universos
Nos caminhos que se cruzam
As estrelas ainda dançam

Colorindo seus novos rumos