terça-feira, 22 de março de 2011

A Balada do Poeta Ébrio

Gosto dos inebriantes, dos entorpecentes,
Da leviandade dos etílicos e etéricos.
Da pureza de corromper-me
Com a liberdade venenosa.

De sacrificar mera carne
Pelos prazeres de-uma-noite.
De quebrar muros, enfatizar sonhos
E ver o invisível inexistente.

Pois tais prisões são libertadoras
E as outras são autoritárias
E as lentes delicadamente lisas
São aquelas que não se (ar)riscaram de oportunidades.

E dou graças ao pai desta ovelha desgarrada
Ao saber que jamais chegarei novo aos 50
Sem ter vivido pelomenos 20,
Sem ter saido das velhas grades
Do velho berço.

E abençoado seja o fluído da chuva dos loucos
Com a graça e a genialidade
Dos (in)sanos infantes
Que morreram de overdose.

E que fique claro que
O homem cria remédios para sobreviver
A sua criação feroz.
Então, que sou eu além de um remediado, de uma cobaia curada?!

E quando o túnel das pupilas se abrir
Tornarar-se-a largo e anestesiado
Para o violar de meus olhos cândidos
Com as impurezas artificias do mundo.

As lágrimas a escorrer terão gosto forte-amargo
E percorrerão minha face
Denunciando o cego epilético que sou,
Que são os bixos-homem.

E apenas me restou engarrafar a poesia
E ingeri-la, e digeri-la, e vomita-la
E acabar-me num obsoleto livro
De poetas anônimos.

E assim, e-portanto-e-então
Acabarei como um deturpado,
Um perturbado nos sanatórios da "realidade";
Um drink composto das patologias mais cruéis.

Um drink que jamais seria consumido
Por ser subjulgado por cadáveres artificiais
Que nunca chegaram a viver.
E sem me importar, eu, bebida dos boêmios decadentes,
Vou para o fundo da prateleira sem ao menos dizer:

"De nade vale julgarem as tumbas
E os restos mortais que as hatibam.
Corpos são corpos,
Uns viiveram até o fim
Outros de suas tumbas nunca sairam."

Ansiedade

Balões-nuvem fluem e flutuam
Freneticamente nesta correnteza interna
E borbulham e efervescem inconclusivamente,
Incompletos e inertes,
Censurados pelos movimentos membrais.

Acendendo e apagando em curtos-circuitos.
Resultando no ócio epilético
Do ranger de ossos.
Tamanha inquietude física
Que se poe como obstáculo
na trilha do pensamento,
Curva na face linear.

Paradoxo de expectativas,
De metas que podem não se cumprir,
Num insuportável aguardar atroz
Impotente diante dos ponteiros.

Movo-os piamente
No intuito vão de tentar
Fazer acelerar
O nascer desta lua preguiçosa.



Esperar, no âmago de meu ser
É uma das maiores agonias existentes.

domingo, 6 de março de 2011

Mais Um Bêbado De Lástima

Teus olhos perdidos na paisagem
Voando pelos ares, nos encantos do mundo.
Meus olhos afogados em lágrimas, em lástimas,
Sufocados nas pálpebras de insônia.

Teu riso que transcendeu meu corpo
Que abençoou minha existência
Que me deu sopro
Pra eu poder voar.

E jamais compreenderia
Como tais dentes parecem agora
Canibalmente me devorar

E jamais por agora encontraria,
Depois que a água benta virou vinho-sangue,
Melhor saída, cruel bebida para de lástima
[Me embriagar