quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Malabarista Brasileiro

Eu olho pra cima,
Eu jogo tudo pra cima
E vejo tudo cair.
Eu pego,
E solto
E corro
E vôo
E vejo tudo de novo!

Eu olho o palhaço e o vejo sorrir.
Porque malabares é feito pra cair.
Na humildade de se abaixar e pegar e levantar,
E Malabarista é feito pra voar!

Reconhecer a queda de sempre e de nunca.
Belo é aquele que não tem medo do ridículo,
E ridículos somos todos nós.
Ridículo é quem não joga pra cima,
Como tantos brasileiros, poetas e poetisas!

Porque ridículos somos todos nós
E a queda é artifício,
É ofício de existir
Que faz o riso contestar da vergonha
E põe sorriso até na cara de ouriço
E de cegonha

Para que a plateia clame com graça
Quando o nariz vermelho brilhar
Na esquina do acaso
Em cada semáforo, em cada praça
Um colorido abraço.




Dedicado à poetisa da selva de pedra,

a malabarista que me ensinou a malabarear
Dany La Chérie

Cai o Pano

Fim de ano
Cai o pano
A peça continua
Os personagens encantam.

Fim de ano, Hermano!
E tudo se esvai,
Como os ponteiros batendo,
A poeira correndo,
E eu aqui existindo
Em tantos tempos contra-tempos,

Se a roda do ano pudesse dizer
Em quantos dias vivi
E quantos dias nem cheguei a ser
Ela beijaria meus lábios tácitos
Dizendo: Tudo bem poeta,
Pode crer.

Pode ser,
Porque de um mês passam-se anos
De um dia, meses
E eu não me engano
Quando o relógio diz pra parar

Eu digo: Me encanto!

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Ao tirar os óculos escuros...

Ao tirar os óculos escuros,
Ao escutar sem fones de ouvido
Observo o Sol que dança
E percebo que plenitude, completude,
Não tem nada a ver
Com as duas metades da laranja.

Vejo em eu meu, meu eu
- Que as vezes nem é tão eu -
E chego a conclusão de que pleno
É quem escuta o coração.

E a ideia de ser pleno
Não estava perdida,
Ela estava aqui dentro
Lutando contra a monotonia

E eu sou inteiro,
Não preciso de metade.
Eu sou inteiro
E sou infinito.
Pois por ser inteiro,
Vejo o mundo como multidão,
Multidão em grito
Que se torna um só.

Eu sou inteiro grito,
Pois estou apto a absorver tantas vozes
Como o infinito...

Sou grito e agrego
Todas as vozes do mundo
Dentro do bater em meu peito.
Ser inteiro é ser grito

Caotico em belo devaneio.

Dedicado à Tássia Corrêa