quarta-feira, 23 de maio de 2012

Trago de Vida


As vezes acredito
Que todas patologias tão minhas
São apenas reflexos do espelho quebrado
Que reflete pequenas luzes convexas
D’uma realidade flácida a ser definida.

As vezes sou o espelho
As vezes sou o pedaço,
O caco,
Pois tudo que é escrito é condensado.

É compacto, superficial, quase estático.
Tudo que é escrito é só um trago
Do que é vivo...

Eu olhava nos gritos do rádio
A sintonia pasmava,
Era real
Mas não era.
Era tudo, era belo, mas não era vivo.
Tão morto quanto uma fotografia.

O que era vivo era a raiz plantada
Na ideia que remanescia.
Era um memento do momento que jazia
No túmulo do tempo.
Morto. Sem vida.

Era a semente na terra
Da ideia que remanescia.
A batida do ponteiro do segundo que passou
O riso, o grito,
O pranto,
O mito que ficou.