Desejos que se implicam em pesos
Fardos que caem sobre o eu como bigornas invisíveis
Acreditar que se possui asas é possível
Mas não aquelas que estão nas vitrines
Pois um corpo pode ser uma escultura
Mas que seja uma cultura do corpo
E não uma pintura medíocre
Num outdoor num cais, no porto
As coisas são como são
Elas se transmutam lentamente
E a velocidade cabe num pequeno passo
Que é o primeiro a se iniciar
E o mais desengonçado e displicente.
Na sola dos primeiros pés
Nos joelhos do primeiro engatinhar
Posso primeiro parar o autoflagelo dos chicotes
Para depois aprender a me acarinhar
E quando quero tudo na velocidade de uma metrópole
Paro e penso que o Sol e a Lua são pacientes
Mantém sempre o ritmo
E chegam ao destino
Para começar de novo.
Eu Sol Lua paciente
Mantenho a dança no ritmo
Desembarco na estação da transmutação
Para que possa haver noite e dia
Dentro de meu coração.