terça-feira, 26 de novembro de 2013

Maré de Ser

Jogar teus pesares no mar
E ver amanhecer uma nova perspectiva.
Coragem para olhar ao horizonte.
Amor para existir.
Navegar é preciso...
E não se trata de bússolas de precisão...


... O preciso não é tão precioso,
Não há aventura de antemão.
Nado as vezes nada,
Nado as vezes em mares de solidão.

Quero ser gota no meio do mar,
No profundo do mundo.
Quero ser rascunho rústico de obra de arte sem fim,
Poesia de amor para todas musas e musos.

Para isso é preciso se afogar,
Naufragar com o navio inteiro
E sobreviver.
Despontar na guinada de uma praia deserta,
Desvendar novas terras,
Num novo mundo que engolirei,
Que irá me engolir...

Navegar é preciso,
Existir impreciso.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Outono

É preciso podar a si mesmo,
Arrancar pedaços e deixa-los na estrada.
É preciso que a ferida cicatrize,
Caindo-se as cascas.

Que caiam os pedaços podres do eu,
Pois estes já não servem.
Para sobreviver ao inverno
É preciso encarnar a planta seca
E deixar que o resto se desfaça no solo.

Para resistir a ventania
É preciso desapegar-se de si.
Uma árvore de outono não está desprotegida,
Está se tornando cinzas
Para renascer escarlate brilhante em chamas.

E a queda de cada pedaço irá doer agudamente.
Cada unha, dedo, mão, braço,
Todos os pelos e fios de cabelo,
Cada olho, lábio, dente, orelha,
E restará o tronco, o peito dolorido e paciente.

E na sabedoria das árvores,
Na filosofia do outono,
Florescerá uma nova poesia

Para desafiar a roda do ano!