Poderia chover
Poderia chover
Poderia chover
Poderia chover
Até que o inferno todo
Ficasse molhado
Poderia chover
Até que a eutanásia
Chegasse a todos moribundos
Até que a mão que afaga
Chegasse a todos desconsolados
Para me afogar
Junto a tudo aquilo
Que apedreja
Num oasis no meio do deserto
Pois sou o abismo de mim mesmo
Poderia chover
Até que minha alma
Banhada de suor e desejo
Esperasse apenas sua pele
E que as gotas a tocassem
Num carinho de garoa
Pois entre eu e mim
Existe um penhasco
Que atravesso todos os dias
À altura do desejo e da dor
Trapezista entre eu e mim
Criação conjunta de Renê Echeverria e Carla Teixeira