sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Abismo

Poderia chover
Poderia chover
Poderia chover
Poderia chover
Até que o inferno todo
Ficasse molhado

Poderia chover
Até que a eutanásia
Chegasse a todos moribundos
Até que a mão que afaga
Chegasse a todos desconsolados

Para me afogar
Junto a tudo aquilo
Que apedreja
Num oasis no meio do deserto
Pois sou o abismo de mim mesmo

Poderia chover
Até que minha alma
Banhada de suor e desejo
Esperasse apenas sua pele
E que as gotas a tocassem
Num carinho de garoa

Pois entre eu e mim
Existe um penhasco
Que atravesso todos os dias
À altura do desejo e da dor


Trapezista entre eu e mim

Criação conjunta de Renê Echeverria e Carla Teixeira

Oriundo Celeste

E dos poemas mais belos
Dos versos inversos
Encontro olhos e sorrisos
Que tornam os pés leves

E as fluídas pulsações
Já não afogam
Mas sim devoram o mundo
Com o brio e ímpeto do Sol!

Meu amor é oriundo de tudo que voa.