Aos artistas, aos poetas deixo minha poesia.
Meu legado num lago inconstante e anônimo
Que deságua aonde amanhece o dia:
No berço trágico do Sol recôndito.
Deixo meus pedaços de vida
Por onde encontrei guinadas e sentido.
Meu terço de calor, caos e harmonia
E berço tranquilo para todos
os gritos.
Nos papéis rasgados, nos cadernos queimados e nos livros
envelhecidos
Estórias em gotas absortas e ignotas
Com asas em frases e estrofes de tinta escarlate que cantam
mitos.
Mitos de nós que existimos num brio dilacerado
Dançando na crina de linhas tortas
O amor vil de existir num pequeno trago.