terça-feira, 21 de outubro de 2014

De Olhos Abertos

Dance no chão comigo
Sejamos vencidos pela gravidade
E nesta derrota em bandeira branca
No berço da terra tentarei enterrar minha vaidade

Fecho os olhos

E enquanto rolamos adiante nas campinas equidistantes
Olho no céu teus olhares de oceano
Azul como o pano de minha calça e o pranto de minha náusea
Mergulho dentro destas janelas com desejos e liames

Nas águas profundas da musa
Desvendo Atlântidas e os desafios de sua semântica
Para dentro do enigma encontrar
Este perfume maior que me busca

Que desafia do olfato ao paladar
Para ao poeta enfeitiçar
Dentro dos tímpanos escancarar
E no samba do coração ao palpitar

Mas quando voltei a mim e abri os olhos
Encontrei teu rosto esculpido em forma de sorriso
E desejei que estivesse de olhos abertos

O tempo todo.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Oceano dentro de uma gota

Quando pensei em procurar um amor
Veio dentro de mim uma angústia escandalosa
Análoga a intensidade de uma tranca ferrosa
Que exclamava quando de dentro exalava este ardor

Quando procurei o amor
Trepei no jardim, na escada, no bosque da faculdade,
No banheiro público do parque,
Bebi em inúmeros bares
Doses dadas e vendidas
Em diversos limiares

Bebi com damas fatais,
Homens charmosos e sensuais,
Donzelas tímidas
E senhores e senhoras de mil carnavais

Quando decidi buscar o amor
Virei a mesa e quebrei garrafas e copos
Cortei os pulsos e escrevi mil cartas de suicídio
Dei tiros nos espelhos e nos pássaros

Quando busquei desesperadamente o amor
Caí com a boca na sarjeta
Persegui a sombra de minha própria silhueta
Engasguei com minhas próprias labaredas

E aí então percebi,
Depois de mártir eu não quis ser faquir
Pois não encontrarei o que busco no vasto mundo
Se não dentro desta gota que habito
O amor que procuro está dentro deste oceano vivo.