quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A Musa (II)

A dor.
Não existem palavras para descreve-la.
A dor da tua ausência.
A dor de não estar ao teu lado, de lembrar de teu sorriso e não poder contempla-lo.
De lembrar de teu olhar e não poder vive-lo.
Dor de lembrar que um dia estivemos nós, juntos em nossa doce melodia e que hoje, já não posso desfrutar deste deleite indescretivelmente divino.
Dor de lembrar, de pensar.
Dor que corrói e destrói todas partes de meu pútrido vazio ser que naquele dia encontrou alguém que o completasse.
Dor de saber que encontrei "a musa" e não posso viver ao teu lado.
Dor... e como dói não estar ao teu lado.
Desespero, desesperança, pois sei que jamais encontrarei alguém igual a ti, alguém melhor que ti. Encontrei apenas ilusões que me lembrarão de teu rosto, de teu abraço, de teu beijo.
Dor... e sei que encontrei o amor de minha vida.
Dor, eu te perdi.
E eu odeio o fato de não podermos estar juntos.
E eu odeio aquele que é responsável por não podermos estar juntos.
Eu odeio com todas minhas poucas forças agora, com todo resto de sopro de vida que restou dentro de meu ser destruído.
E não há esperança, e não há felicidade.
Nunca houve, exceto quando estive ao teu lado.
Nunca houve, nunca mais haverá.
Eu encontrei o que tanto procurei durante anos, e foi tão lindo, tão belo e maravilhoso como um sonho.
E eu acordei, no pesadelo de minha existência acordei.
Agora, tudo que eu queria era dormir pela eternidade, para que talvez eu te encontrei novamente em meus sonhos.
Eu me perdi em você.
E tudo que eu mais quero é encontra-la em meus sonhos, aonde não haja nada nem ninguém que possa estar em nosso caminho.
Eu te amo, e sempre amarei, de todo meu coração dilacerado, de todos pedaços perdidos e todos sentimentos esmigalhados.
Eu te amo, e nunca te esquecerei.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Sonho sem sono

Surgiu, súbito e intenso
De uma improbabilidade doce.
Surgiu entre diálogos intelectuais
E doces risos.
De confiança e carinho
Humanidade e preocupação.

Por um momento tão digno
Não planejado e voraz.
Rendemo-nos ao destino
Sem preocupações, sem dramas.

Rendemo-nos a nós
Num sublime espetáculo.
Somos protagonistas
De um romance em clímax.

De tanta insegurança
Gestos ingênuos e óbvios.
De tamanha compatibilidade
Intensa paixão insólita.

Como se a impossibilidade
Nada significasse
Diante da intensidade
Do ocorrer de nosso momento.

E atuamos, como dignos protagonistas
Em nosso espetáculo sem roteiro.
No impetuoso improviso
Da avassaladora intenção de nós.

Nossos corpos compreensivos
Exalam pelos poros
A doce e leve melodia
Da epifania de nossa união

A harmonia em nossos olhares
De um contemplar de nossos rostos
Atados por nossos braços
Na égide carinhosa de nosso abraço.

No evitar de pensamentos
De preocupações futuras
Irrelevantes diante de nós
Pois foi unicamente relevante nosso momento.

Surgiu, súbito e doce
Como um simples sonho sem sono
Na música atemporal
Da união de nós.

Surgiu, improvável e vivaz
Como um doce sonho sem sono
Na realidade inacreditável
Em felicidade e harmonia.

E evanesceu como teu perfume
Em tua pele branca e macia.
E evanesceu ao amanhecer
De nosso alegre e melancólico terceiro dia.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O que farei agora...

O que farei agora? Depois de tanto tempo perdido, junto de ti me encontrei, em tamanha harmonia, livre do cotidiano azeviche que o destino e eu mesmo havíamos proporcionado a mim.

Uma metáfora um tanto clichê, dizer que tu colocaste cor em meu mundo preto-e-branco, mas de fato, é verdade. Como se toda decadência perdesse o sentido e a vivência de um “bon vivan” se tornasse algo relevante diante dos olhos lastimáveis de uma existência de dor e empatia. Como se valesse a pena preservar sua carcaça pútrida e dilacerada somente para passar mais tempo ao teu lado.

Apenas seguir em frente em solidão é o que resta. Seguir diante do caminho da escuridão soturna que foi me proporcionada e criada por mim. Talvez faça parte de meu caráter destruir minhas próprias esperanças. Talvez haja necessidade da existência da dor e da tristeza proporcionada por minha solidão. Não existe um estereótipo de realidade agradável, pois toda alegria demonstra seu preço, cedo ou tarde.

Seguirei então, no caminho da escuridão, pela lástima e pela dor. Pela crueldade da existência vazia do ser humano decadente. Existirei e viverei, morrerei mais uma vez e mais outras. Direi que nada mais vale a pena e que a vida é bela.

Seguirei, direi e gritarei as agonias e alegrias da filosofia de vida que escolhi, apenas. Talvez um dia haja esperança.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Existência

Podemos significar tanto.
Podemos ser um interesse,
Ser importantes e inerentes.
Ser irrelevantes e insignificantes.

Que seremos lembrados por quem somos
Ou pelo o que fizemos.
Que seremos esquecidos em velhas páginas
Que esqueceremos vários momentos
Como este.

Que alguns passam pela vida
E que outros a vivem.
Que existem mortos que ainda vivem
E vivos que já estão mortos,
Apenas existem.

Como o Sol que nasce pela manhã
E se põe ao anoitecer.
Como estrelas que morrem
E ainda iluminam a noite.
Como lágrimas derramadas.
Como gritos que ecoam.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Paz

As bestas atordoantes que dilaceraram meu ser
Hoje dormem absortas, em meu interno agoniado
Como se uma paz insólita fosse decretada
Como um minúsculo intervalo no homúnculo que sou.

Paz insólita, repressiva, depressiva
A paz em si não satisfaz a nenhum ser
Uma dinâmica é necessária
Para manter a sensação viva.

O conflito é necessário, simplório que for
A ausência do mesmo expõe as cicatrizes e feridas
A paz e o vazio caminham de mãos dadas em agonia
O conflito necessário, saudosa anestesia.

O Afogar

Submergir lentamente nestas águas frias
As bolhas sobem rapidamente
Em uma sinfônica melodia
Expressando a agonia do ser

A vida passa pelos olhos
Na velocidade improvável diante da submersão
Lembranças insurgem rapidamente
Enquanto seus pulmões se enchem de fluído

As bolhas já não entoam tal melodia
A carcaça submerge na escuridão profunda
Já não se debate, já não reage

Uma desistência em desesperança
A correnteza a leva para longe
Irrelutante, sem vida