sábado, 15 de dezembro de 2012

Um Brado Doentio


O palor percorre ruas sozinhas no meio da chuva,
Na solidão ébria do poeta em sua agonia desproporcional.
O exaurir, o sangue de seu susto em sussurro de madrugada
São posturas prolíficas, cacos de vidro guerreando no brio da espada.

A faísca parva das espadas é a lágrima que trinca a máscara do rosto,
É o conteúdo do gosto amargo da raiz que busca outra prata.
O garimpo em cada degrau rachado da escada
É a busca do precioso vômito caindo do corpo tosco.

Uma gota de sangue por um pedaço do bolo do absorto.
“Feliz aniversário” escrito na cobertura
Que escorre derretendo em chamas.

O brado marca a alegria da digestão do dia-a-dia.
A indigestão misericordiosa pela sanidade do corpo
Vomita indômitas poesias.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Gaiola de Diamantes


Guarde-a numa gaiola de diamantes e fique a observando voar sozinha,
Sentada como traça, no banco da mesma praça,
Olhando para você com olhar de pena
Quando você chega em casa.

Coloque-a no seu quarto e a tire para cantar de vez em quando.
Deixe-a bailar sob as quatro paredes do universo,
Cante uma melodia bonita, lírica e convincente,
Fazendo papel de galã de novela,
Deixando manchas nas costelas.

Depois a coloque de volta.
Alimente-a bem,
Mas não muito, para que ela não fique mal acostumada
- Toda cautela é necessária para que ela não invada a casa -.
Sempre traga sementes de boa qualidade, grãos simpáticos e algumas drogas.
E assista a flor murchar,
Veja-a morrer...
Ou fugir de sua gaiola.