sábado, 5 de janeiro de 2013

GRU.T.A Marginal


Uma cavidade que abriga uma coxia enxuta
Que procura e procura e procura
Romper com as coisas nulas.

Provocar nas faces mudas
O sentimento revoltante
Do prazer do horizonte
Na luz cura e nua.

Andarilhos sortidos nos cursos perdidos,
São todos tão bem vindos
Como ideias de um poema a começar.

Estamos todos, e tudo, em voga para estar.
Poema caminhante que, aprendendo a engatinhar,
Possui dentro de si a dádiva de um espaço.

Um lugar para ser e estar.
Um espaço para ocupar,
Para dividir,
Para cultivar.

Soltar o corpo no chão,
Olhos chorando, palpitando música
Em momentos transcendentais
Dos murmúrios do tempo que passa.

Risos transpirantes, ofegantes
Em fôlegos virando pássaros,
Virando brasa
No jogar.

“Gruta”, por que escavamos.
Por que procuramos na profundeza
E no sólido do solo
Um minério raro.

Porque das estalagmites do peito,
Da acústica da boca;
Das estalagnites do céu
Do corpo cansado e da voz rouca
Nasce nosso ouro.

Gruta que escavamos no peito
Para encontrar o que há de precioso.
Com a ferramenta rústica do anseio
Para preencher o meio
E o prazer,
De existir e de viver.


“Gruta” por que
Não queremos vencer!
Mas sim, escavar este tesouro.
Pois queremos tirar do escuro
Todo potencial vivo
De todo belo e explícito corpo!

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Tatuagens do Escarlate

A poesia do teu corpo esculpida de sangue escorrido
Esconde e também põe em palco os passos de pegadas do tempo.
A pele-tela mostra riscos, erros, dádivas que brilham
Tímidas por baixo do breu vivo no alento.

Uma sinfonia do passado num grito
Que foge da pele e talha o calor
De existir como tatuagem,
Sem querer, no brio,
Marca no íntimo uma deformidade excêntrica de fulgor.

Pedaço meu que tomou viagem
Num bege simples e embranquecido.
Carrega, navegante em toda margem
O prado lacônico do fato jamais esquecido.

Obra de arte, retrato parvo ou grande vergonha
Para se esconder sob os véus da indumentária.
Estória escrita depois da cegonha
Para marcar no corpo, na agulha de existir
Nesta viva tecelagem.