domingo, 16 de junho de 2013

A Balada do Poeta Ébrio III (Caído Em Algum Lugar)

Venha, meu amor, venha me buscar
Eu estou caído em algum lugar
Eu estou tão longe da sala de estar.
Nadando no meio-fio, em direção ao mar.

Quando vejo a noite desmoronar
Esvazio os meus bolsos,
Minha cabeça tonta.
E o mundo todo
Numa constante onda
Entra em cada poro,
Em cada entranha numa sonda.

Numa vida mal feita
Perco os óculos, o celular.
Perco a carteira, a cabeça
Sem saber aonde pisar.

Corro atrás da vida
E mordo ela no pescoço.
Ela sangra na minha boca
Graças curtas e desgosto.

Corro atrás da lucidez
Como um poeta louco.
Em toda embriaguez
Quero muito da vida
Pois a vida é pouco.

Pois o mundo é pouco,
Pois o mundo é tosco.
Pois a vida é curta
E viver é pouco.

Corro atrás da embriaguez,
Quero sair do corpo.
Quero minha insensatez
Tatuada na testa.

Quero que tudo pegue fogo,
Pois nada me interessa.
Quero tudo, quero explodir...

- Aonde meu corpo está?
No meio dessa grama
Não encontrei um lar.

Venha, meu amor, venha me buscar
Eu estou caído em algum lugar.
Eu estou tão longe da sala de estar.
Nadando nessa manhã,

Em direção ao mar.