Implosão!
É tanto
pulso batendo em percussão.
Batendo no
peito-tambor sem dó,
Se
espalhando pelo corpo, gritando inspiração,
Respiração,
transpiração, vocalização
Em acordes opioides
de uma alucinação em do.
E que dó doía,
querendo sair como
Fumaça
dentro dum incêndio numa carvoaria.
Numa casa
fechada, o desespero, a ignota fala
Tremia o
corpo em agonia.
O corpo
grita! O corpo grita!
A mão vazia vai sozinha em direção à caneta, ao papel.
O corpo dança,
na música que não existe,
A vida
branda que pulsa e clama o gozo
De construir
alucinação viva que é a arte.
O orgasmo
louco!
O êxtase dionisíaco
que faz nascer do humano,
Do corpo, no
palco, na plateia e no asfalto,
A face do
absorto,
O estado de
artista: de estar no alto!
O momento de
simbiose e epifania
No qual a
arte se torna o artista.
Momento no
qual se alinha uma harmonia
Num anterior
estado de inquietude, de adrenalina e ansiedade,
De
sofrimento que parece um parto no asfalto,
Em direção ao
palco, ao êxtase no alto,
Mais alto
que qualquer orgasmo.
Implosão!
Necessidade
nossa de expor as vísceras
Para não
enlouquecer por aqui
- Ou talvez
enlouquecer com o que está por vir –
Mas criar,
produzir,
Ser artista
é realmente um bom motivo para existir.