terça-feira, 16 de outubro de 2012

Implosão


Implosão!
É tanto pulso batendo em percussão.
Batendo no peito-tambor sem dó,
Se espalhando pelo corpo, gritando inspiração,
Respiração, transpiração, vocalização
Em acordes opioides de uma alucinação em do.

E que dó doía, querendo sair como
Fumaça dentro dum incêndio numa carvoaria.
Numa casa fechada, o desespero, a ignota fala
Tremia o corpo em agonia.

O corpo grita! O corpo grita!
A mão vazia vai sozinha em direção à caneta, ao papel.
O corpo dança, na música que não existe,
A vida branda que pulsa e clama o gozo
De construir alucinação viva que é a arte.

O orgasmo louco!
O êxtase dionisíaco que faz nascer do humano,
Do corpo, no palco, na plateia e no asfalto,
A face do absorto,
O estado de artista: de estar no alto!
O momento de simbiose e epifania
No qual a arte se torna o artista.

Momento no qual se alinha uma harmonia
Num anterior estado de inquietude, de adrenalina e ansiedade,
De sofrimento que parece um parto no asfalto,
Em direção ao palco, ao êxtase no alto,
Mais alto que qualquer orgasmo.
Implosão!

Necessidade nossa de expor as vísceras
Para não enlouquecer por aqui
- Ou talvez enlouquecer com o que está por vir –
Mas criar, produzir,
Ser artista é realmente um bom motivo para existir.