segunda-feira, 1 de julho de 2013

Soprano Soturno

Tô aqui só,
Sobrando no meio do ar,
No meio dum quarto sem lar.
Num violão em acordes de dó.

Com dó, sem dó,
Tô aqui sobrando,
Soprando o pó
Da sala sozinha,
Do quarto, da cozinha,
Sem amor no meu paletó.

Tô aqui na tela manchada,
Vazia e soturna.
Cantando em soprano
Abafado ao lado de um trago,
No meio do mar, no meio do mato,
Na estrada inacabada

Ao lado do gato preto,
Quebrado e vadio,
Quebrando espelhos
E rasgando pensamentos.

Tô aqui num nó
Dentro do peito.
Bem do lado esquerdo
Havia uma bomba explodindo
E disparando pulsos inesperados,
Desespero, desesperança,
Não espero oferta além da demanda

Te vejo e te quero
Como alguém quer uma faca no peito,
Como alguém fritando no leito
Num soprano soturno de meu anseio...
De meio anseio, febre e fadiga,

Ah!
Eu tô é doente do peito.
Olhando para a prateleira da vida.

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