quarta-feira, 3 de julho de 2013

Guerreira

Na tua face ebúrnea encoberta
Sua revolta sua cada vez mais bela,
De traços faciais recônditos,
Em meio a fumaça ardente que cobre as ruas.

Aprecio o sorriso largo, às vezes tácito,
Com covas discretas;
Que foge ao lenço
Em olhares e ironias,
De curtos momentos.

Olhares fulminantes,
Voz rouca que grita às misérias.
Braços poderosos que rangem às alfaias
E lutam com ideias.

Aprecio-te, graciosa à margem.
E teu grito convicto e impiedoso,
Com toda a certeza de uma mulher guerreira,
Com toda dor de uma mãe
E paciência de uma parteira.


Vejo em teus olhos e posturas
A chama de uma consciência de nobre plebe
Que rompe com diversas conjunturas,
Com a incongruência da sede.

Ébria tua postura,
Ébrio teu grito,
Libertário e esperto.

Ébrio, porque liberta fora de rito,
Porque quebra o velho mito
De que mulher é um bicho obediente e quieto.

Forte e salamandrico o teu sorriso recôndito,
Pois é como chama vermelha dançante,
Incitando o caos e a revolta,
Debaixo do lenço a graça
Que derruba livros da estante.

E sinto brio e orgulho
De dividir espaço ocupado contigo;
Ao lado de um espírito livre
Que elucida a destruição
E a construção com fúria e paixão.

E se eu tivesse o teu impiedoso grito
Em minha mão,
O jogaria diretamente,
Temperado com vinagre,

Sobre uma multidão.

Um comentário:

  1. e seria uma bomba poética de cantos gregorianos
    trincante no coração como cristal em pedaços
    uma espada que atravessa a coluna dorsal de um continente
    uma força índiana ancestral concentrada em pleno presente

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