terça-feira, 2 de julho de 2013

No Meio do Eu-Nada

Quando os pássaros cantam
Meus olhos queimam.
Sentir o grande esplendor da náusea
Dá vontade de vomitar existência ou
Qualquer clamor por resiliência!

Vontade de expelir pelos poros e
Pela boca através
De uma vontade louca,
De uma vontade rouca,
De uma vontade que é pouca
De sangrar e sangrar todas as ideias
Das ideias todas!

Das ideias tolas
De um riso do olhar silencioso.
No meio do samba,
É Aquele olhar que chamam de tonto.
No meio da festa aquele gingar
É um débil bate-estaca de palhaço.
No meio da existência aquele
Passo sozinho e anestesiado.

Para parar,
A voz ignota no bar está a amar com o olhar.
Pois no meio desta tempestade etílica,
No naufrágio de cabeças leves
Nas ondas violentas a conspiração de uma dúvida:
Ainda amar?
Ainda há mar?

Ele tenta ver entre o pulso e a faca,
O acabrunhante amanhecer e o insight obscuro.
Os olhos encima do muro,
E a dor solvendo quente na nata.

- Sou poesia em tempestade sem mar.
No meio do deserto,
Eu clamo por
Iemanjá em desalento.

- No meio do eu-nada
O meu camelo nada.
No meio do eu-nada
Eu sou um pequeno pirata.

- No meio do eu-nada
Meu valor é baixo,
Eu não valho nada.
No meio do eu-nada
Eu sou pedaço de trapo mutilado,
Perna de pau, olho de vidro e nariz de palhaço
Mancando na estrada.

Fugindo de existir
Para tentar existir
No meio desse devir
No meio do eu-nada
O mundo irá mastigar,

O mundo irá engolir...

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