segunda-feira, 21 de junho de 2010

Pulsar

O sangue escorre
Ardente, escarlate,
Sôfrego e dilacerado.
Como um desespero aquoso
Flui, lenta e agoniadamente.

As manchas marcam o tapete.
Esferas de vitalidade exposta
Pronunciam-se discretamente
Como o grito de dor
De um amordaçado.

Os olhos em pânico
Distraem-se, perdem-se.
A consciência se esvai.

As pupilas dilatadas dão lugar
A branquidão de um desmaiar.
As pálpebras se fecham, lúgubres,
Na expressão chorosa da vítima.

Um suspiro pós-grito se ressalta,
Um gemido abafado escapa da boca
Sem chegar ao ambiente.

O corpo se contrai em susto,
Em dor impensável.
Logo, este se relaxa
Repousa em seu leito de morte.

A carne esfria.
A pele empalidece.
Os reflexos cessam.
O sangue para de escorrer.

O pulso já não pulsa.

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