domingo, 6 de junho de 2010

Devaneio-Enleio (Eólica Noturna)

Noite fria que me ilumina
Resvalando ventos límpidos.
Inodoras bênçãos
Que esfriam minha carne.

Doçura oportuna
Tão simples e inválida.
Tamanha graciosa ternura.
Minha inspiração sem precedentes.

Meu diálogo profundo e incompreensível
Com os ventos que banham,
Que atingem inconstantes
Esta bela morada.

Procuro apenas ser
Puro como o vento:
Sincero e espontâneo
Prazer oportuno
Ou desconforto súbito.

Observo o azeviche
Profundo deste belo céu
Sem estrelas, sem nuvens
Como em constante meditação.

E vejo em reflexo
Pedaços simples de vida
Fluindo na escuridão.
Vejo lágrimas e dentes
Em céu composto de emoção.

Vejo miséria e alegria
Dançando em plenitude.
Vejo dor e prazer
Igualando-se no nada.

Vejo tudo em meio
A plenitude do nada.
Pois somente este
Vazio por si só
Poderia ser completo em existência.

Vejo em enleio
Que somos apenas
Uma síntese de sentimentos
Que jamais será plena.

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