terça-feira, 28 de setembro de 2010

A Ultima Morada

Resvalando agonia pelos poros,
Me derramo ao chão
Como recipiente utilizado e descartado,
Como recipiente quebrado
Na língua dos mortos.

Desconstruindo meus pensamentos
No solo deste cômodo
Vazio, opaco e sem vida
Meu corpo grita em utopia
Amordaçado, diante da memória
[Daqueles momentos.

Em grito interno despedaçado,
Meu corpo, absorto em pensamentos
Ainda incompletos, adoece, padece
Diante da obstinação de perseguir
O sangue de gosto amargo.

Indivíduos consternados escandalizam
A porta de meu cômodo fúnebre.
Este parecia estreitar-se, retrair-se
Transmutar-se em minha ultima morada.
Como se desejasse possuir
[os olhares que se esgueiram.

O som das vozes desesperadas
Já não atinge meus tímpanos.
O cômodo se retrai, inexoravelmente
Se contrai, se esvai incessante.
Minha racionalidade se decompõe
[pelo vazio obstinada.

Jaz em mim o horror.
A agonia e a dor consomem
O restante desta razão vazia.
Jaz a dor, o terror romantizado.
Jaz o epitáfio daquele
[que morreu de amor.

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