quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Tragédia Existencial

De início tudo era simples
Tudo era prático e palpável.
O mistério era lícito e
Inerente a mente inocente.

A pureza da possibilidade.
Pois puro e decente
São todos aqueles
Que não realizam os atos
Que não querem que realizem.

O rótulo é um poder
De manipulação profunda e voraz
Que soterra as vontades
Pelo medo do julgamento e da interpretação.

A realidade já se amplificou
E a complexidade bifurca a estrada
Em diversas possibilidades
Infames e traiçoeiras.

Os mistérios se desnudam
Em conceitos teóricos e empíricos
E explicações físicas e emocionais.
Tudo se justifica.

E múltiplas justificativas
Borbulham implacáveis.
Os temos medo e coragem
Vendamos e ampliamos com lentes
[os olhares

E tudo se torna plano
De forma abstrata e inane.
E nos buscamos sentido
Para tudo ao nosso redor.

Mentes desvirtuadas
A mercê do destino
Em busca da inocência e da ignorância
Que perdemos no fim do início.

Memórias mortas nos esfaqueiam.
Possibilidades nos amedrontam.
Pensamentos nos pungem.
A emoção escorre pelos poros.

Questionamos nossos desejos
E nos colocamos em um tribunal peculiar
No qual integramos a função
De promotor, defensor, juiz e réu.

E, por fim
Aquilo que mais desejamos
É aquilo que nos é abstrato, intangível, inatingível...

Pois a realidade se desfaz
E tudo se torna cinzas.

A vida e a existência
São ambas tragédias

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