domingo, 11 de janeiro de 2015

Ao Querido Pé de Maracujá

Tínhamos um pé de maracujá
– nosso vizinho tinha –
Que deixava um dos seus braços em nossas telhas
E dava “olá” ao nosso quintal

Esta árvore em sua subversão
Nos dava frutos clandestinamente
E deixava uma sombra calma
Na janela de meu quarto.

Certo dia reparei em suas folhas
Um tom opaco
Olhei para detrás das telhas
E o pé de maracujá havia sumido

Fiquei triste naquele momento
Peguei suas ultimas folhas
E coloquei em meu tabaco
Para sentir o abraço desta árvore
Que sutilmente conheci

Em outro momento notei
Que poderia ver o belo Sol se pôr
Como não podia antes

Numa manhã, fui acordado pelo seu brilho
Que invadia meu quarto
E despertava o dia num sorriso

Observei na noite soturna
Luas plenas de graça
Estrelas e constelações,
Que por causa do pé de maracujá
Não havia fitado anteriormente

Na manhã púrpura de hoje
Agradeço ao pé de maracujá
Pelos seus frutos e companhia
Pois ainda posso sentir tua essência
Na fumaça de meu cachimbo

E aprendi que havia chegado a hora
De sair debaixo de árvore
Pois já era muito maior que sua sombra

E o céu era bem maior que nós dois

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