quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Programação Do Dia

Vida efêmera na tela,
Correm, voam, rastejam enfumaçando a atmosfera.
Concreto, reboco, arame farpado correndo,
Correndo montando o quadro, lado a lado.

As tintas, as revistas, as cores manchadas e encardidas,
E os bancos, e os prantos cinzas
Parecem crianças brincando na construção
Enquanto as minhocas de ferro voam no chão.

As flores gritam mudas, diante da luz cinza.
Um caule, um tronco rompe o cascalho e a calçada cria feições.
Rios choram em dialetos, em bordas adornadas de veias rotas,
Desaguam em tubos, em turnos de perfeições.

Anjos de ferro guardam, flutuando em arames, as estradas de alumínio.
Cantam uma melodia imperial os corais sintéticos.
Enquanto ovelhas desgarradas andam com suas tralhas
Ensacadas, errantes pelas vias, sem olhar para os dois lados
Antes de atravessar a rua.

São pedaços de cenário,
Árvores cenográficas chorando folhas mortas
Num outono sem vento.

Todos sorriem e distribuem seus mimos.
E riem e suspiram nuvens cinza em desatino.
Simpatias aos mitos!
Gritam três vezes aos ritos!:
Amém, amém, amém!
Amem, amem, amem!...
...E tudo volta ao normal.

Um comentário:

  1. Forte, precisa, um grito sobriamente alucinado.
    Muita qualidade!
    Grande abraço e sucesso!

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