sexta-feira, 8 de julho de 2011

Ao Invés de Várias Doses, Uma Garrafa Inteira

“Foi um pouco de tudo no meio do nada”
Enquanto não-santos foram fieis de fidelidade diferente – nada de coisas concretas, só poesia.
O palhaço e a palhaça decidiram: ao invés de pagar caro por várias doses,
Escolheram pagar por plenas garrafas.

A palhaça lhe deu um nariz, o palhaço a deu um complexo.
Ambos riram destilados - e daqueles também – diante de seus cigarros...
O palhaço disse:
- Eu gosto de marcas, são memórias concretas. E toda experiência é sempre válida.
A palhaça ficou vermelha como seu nariz...

Trocaram pronomes, adjetivos, verbos e métricas presentes e ausentes
Eles haviam se soterrado.
Sintetizado intenções que tomaram caminhos diferentes diante do frio e da poesia.
(...)

O palhaço fitava e lia as paredes enquanto a palhaça fazia café.
A palhaça disse – com canecas e garrafa a mão:
- Vamos escutar a gaita, já que não fizemos o pandeiro e a flauta.
O palhaço sorriu com bafo de café enquanto recusava-se a voltar do onírico

Metade do brinco sumiu, a outra ficara com a palhaça.
Caminharam, o palhaço sem-brinco-com-nariz e a palhaça com meio brinco e um complexo amaciado pelo cômico, pelo sol da manhã que já se esvaira.

Um comentário:

  1. Muito bom, Renê!
    Sua narrativa é dramática, poética, marginal.
    Grande abraço e sucesso!

    ResponderExcluir