segunda-feira, 29 de março de 2010

Essência Fúnebre

Tão visível a essência da humanidade
Diante de teus simples e irremediáveis olhares
Pois nada é mais sincero
Do que a expressão súbita de sua face.

A simples e complexa essência humana
Tanto na frieza do raciocínio lógico
Quanto na incendiária emoção alheia.
Caracteres planos e esféricos
Recaem sobre nós.

Tão visível a alegria débil
Do início da existência.
O olhar alegre e alienado
A pureza da inocência
Da faceta de nossa fase mais primitiva
E animalesca.

Tão obstinado e inflamado
O grito e o olhar da juventude.
O primeiro questionar, o primeiro rebelar.
O primeiro grito junto de sua metamorfose.
O essencial desejo de expressar.
O ocorrer de suas primeiras simples mortes...

E começam a surgir os primeiros detalhes
As primeiras formas em sua escultura existencial.
Como o lapidar do granito
Nas mãos do escultor.

E entra em contato com a complexidade
Do sentimento em si manifestado.
Aprende-se a odiar e a repudiar,
A amar e a fazer,
A ser e estar.

E vagamos piamente
Em verdades que se tornam desilusões,
Em sonhos que se tornam tangíveis,
Em pesadelos que são passados para trás...

Encontram-se tesouros e armadilhas
Perdidas em nossos atos e desejos.
E se dá o nome de vida
Ao existir infatigável.

E corremos e corremos
Em busca de ambições e metas
Encontramos ombros amigos
E punhos alheios.

Pois pisamos em cabeças
Nesta estrada desertificada.
E somos pisados
Na ausência presente
Desta mesma estrada.

E se perde nossa vitalidade
Com o passar das estações.
Apodrecemos e caímos aos poucos
Como folhas no outono
Entre o doce e o amargo.
E o que mais fazemos
Além de morrer?

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