sábado, 30 de março de 2019

Não deixo de fazer poesia


Tensão que torce
Carrego nas costas o peso das palavras,
Parágrafos e parágrafos se imprimem em meu corpo
Torno-me livros, artigos, dissertações e ofícios,
Peço a mim mesmo que não deixe de fazer poesia

Não deixe de fazer poesia

Traço com os braços poemas no ar
Com as pernas escrevo canções e com os quadris quebro tabus
Arrumo encrencas no ambiente de trabalho
Negociando fissuras entre os escombros das instituições públicas
Esbarro corpos encantadores e me apaixono por suas estranhezas
Mas não escrevo

E não deixo de fazer poesia

A poesia não é de quem a faz
Foi parida para o mundo e por ele também criada
Sou cria de um mundo onde reinam burocratas
Se há estado para traçar a vida pelo medo e hipocrisia
Meu estado é o estado da poesia
E se a máquina não para
Aqui a poesia metralha
a vida de vontade de viver

E não deixo de fazer poesia

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