Tensão que torce
Carrego nas costas o peso das palavras,
Parágrafos e parágrafos se imprimem em meu corpo
Torno-me livros, artigos, dissertações e ofícios,
Peço a mim mesmo que não deixe de fazer poesia
Não deixe de fazer poesia
Traço com os braços poemas no ar
Com as pernas escrevo canções e com os quadris quebro tabus
Arrumo encrencas no ambiente de trabalho
Negociando fissuras entre os escombros das instituições
públicas
Esbarro corpos encantadores e me apaixono por suas
estranhezas
Mas não escrevo
E não deixo de fazer poesia
A poesia não é de quem a faz
Foi parida para o mundo e por ele também criada
Sou cria de um mundo onde reinam burocratas
Se há estado para traçar a vida pelo medo e hipocrisia
Meu estado é o estado da poesia
E se a máquina não para
Aqui a poesia metralha
a vida de vontade de viver
a vida de vontade de viver
E não deixo de fazer poesia
Nenhum comentário:
Postar um comentário