Olho para as estrelas
Piso num mundo sem chão
Milhares e milhares de estrelas
Suspenso no ar
Com uma bigorna nas costas
De onde veio tanta constelação?
Observo os passos
Que pisam sem piso para pisar
Recolhendo cacos
Na tentativa de costurar mosaicos
Construir pontes pelas ilhas
Cubismo de vida estilhaçada
Olho para cima
Milhares de estrelas
Não observo todos os astros
Na cadência, sambam pequenas
Já não fito nem o começo
Nem o fim da fita que observo
Paro e olho para uma
Estrela que brilha tímida no universo
Faço desta uma estrela guia
Norte do cruzeiro a cruzar o céu
Mergulho numa estrela só
Profundeza oceânica na escuridão infinita
No brilho há um brio de existir
Na estrela só
Há desejo de devorar mundos
Nas constelações inteiras
Não há fome maior
Do que neste ponto de referência no caos
Naquela estrela compreendi todas as outras
Naquele brilho concebi todos os brios
Telescópio da infinitude cósmica
Índice da enciclopédia de todas as vidas
Aquela estrela
Era eu.
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