É preciso podar a si mesmo,
Arrancar pedaços e deixa-los na estrada.
É preciso que a ferida cicatrize,
Caindo-se as cascas.
Que caiam os pedaços podres do eu,
Pois estes já não servem.
Para sobreviver ao inverno
É preciso encarnar a planta seca
E deixar que o resto se desfaça no solo.
Para resistir a ventania
É preciso desapegar-se de si.
Uma árvore de outono não está desprotegida,
Está se tornando cinzas
Para renascer escarlate brilhante em chamas.
E a queda de cada pedaço irá doer agudamente.
Cada unha, dedo, mão, braço,
Todos os pelos e fios de cabelo,
Cada olho, lábio, dente, orelha,
E restará o tronco, o peito dolorido e paciente.
E na sabedoria das árvores,
Na filosofia do outono,
Florescerá uma nova poesia
Para desafiar a roda do ano!
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