segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Sorte de Ser Poesia

Quero a sorte de ser poeta morto
Antes do abrir-de-cortinas do céu
E do início do transitar
Frenético dos homens-máquina.

Quero a sorte de ser boêmio,
Poeta ébrio na liberdade da noite.
Livre das grades abstratas
Que tanto sufocam o bicho-homem.

Quero a sorte de ser apaixonado
Enlouquecido, de cantar serenatas
Aos pés das janelas
Das moças mais belas
Aonde romance virou coisa de poeta.

Quero a sorte de ser vagabundo,
De ser louco. De ser o resto do pouco
Que restou dos hereges,
Dos que negaram a se converter.

E quero a sorte de ser poesia,
De ser sentimento desvairado,
Despreocupado, apenas instinto.
Apenas sentido pra existir.

Nós somos o que sentimos,
Então deveríamos aceitar o ser.
Questionar as ordens e desobedecer.
Escutar a voz ignota das emoções.
Pois quem já não sente
De fato já não é.

Um comentário:

  1. Muito bom, adorei sua ideia e o texto em si. Tem um selo pra você no meu blog! (:

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